quarta-feira, agosto 25, 2021

Quarta, 25.

Volta que não volta, sou surpreendido pelo bom senso e prudência do bom povo português. Não tem uma semana que os governantes libertaram as amarras que sustinham o contágio por coronavírus. Embalados pelas autárquicas, desejosos de serem os primeiros na corrida ao coração dos revoltados pelas medidas de contenção social, ei-los levantando as barreiras que durante estes dois anos impediram que muitos mais mortes houvessem, internamentos, sofrimento e depressões. De repente, montados nos 70 por cento de vacinados, alegremente a aceitarem que a vacina é 100 por cento imune ao contágio, abrem os diques e deixam entrar na enxurrada uma série de mentiras que foram vendidas por verdades: “nos transportes públicos já pode entrar toda a gente”, uma mentira que todos os que viajam como eu neles sabem nunca ter existido impedimentos; “as esplanadas podem agora agrupar 15 pessoas”, mentira sempre puderam, nomeadamente, na Brasileira quem quis e como quis; “a máscara deve ser sempre usada no interior e exterior dos estabelecimentos - cafés e restaurantes – desde que não se esteja a comer”, mentira sempre vi gente sem máscara nas esplanadas e na Brasileira éramos apenas nós, tomada a bica, que a colocávamos e muitas outras aldrabices para patego reter. Todavia, apesar dos políticos que temos, o povo age em contraordem: por todo o lado vi continuar a respeitar o cruzamento de lugares no metro como no comboio, toda a gente de máscara e na rua só vi estrangeiros a mostrar os dentes nem sempre limpos...  

         - Desde que deixei de ir a Lisboa com frequência, aumentei o ritmo de trabalho no romance. Ontem, por exemplo, até fui ao Chiado para me encontrar com o João Reino e almoçarmos e no entretanto pedir-lhe explicações para uma anomalia no computador. Fui mais cedo com o tricot na mochila e instalei-me no café da fnac. Três abençoadas horas sem que tivesse entrado no espaço um só cliente. Conclusão: se somarmos até hoje três manhãs de três horas temos que terminei a revisão da primeira parte de O Matricida. Enfim, forma de falar. Porque neste fragmento é a adolescência de Semyon que é contada e ele só deve ficar concluído quando a personagem deixar Anadyr para se juntar ao grupo de revolucionários que em Kiev se organiza para escorraçar os soldados de Moscovo da Ucrânia. Falta-me muita informação que não encontro em Lisboa. Nem sequer um mapa da Crimeia existe. Por isso, é para mim fundamental ir a Paris onde tenho tudo e diverso à minha disposição. Antes de embarcar de regresso a casa, passei na Reviera para trazer o jantar. Só que a dose, como era a última da travessa, deu para o jantar de ontem, o almoço de um dia destes e o jantar da próxima semana. 

         - Manhã de céu leitoso. Regas. Terminei a limpeza das traseiras da casa onde todos os anos o grande medronheiro atapeta o chão de milhares de folhas. Para o início da tarde instalou-se um sol brilhante e quente e não tarda atirar-me-ei à água para meia hora de natação vigorosa e outra de vitima D. Apesar destes cuidados com a saúde, não tenciono isentar a máscara, a desinfecção das mãos e a distância com quem falo ou me cruzo. 

E cá estou eu com o novo look de ócudos