quinta-feira, abril 15, 2021

Quinta, 15.

Ontem, enquanto esperava para ser recebido no dentista, dei uma olhada ao texto de Sócrates (Só Agora Começou) que o Filipe me havia enviado para o iphone. O homem não tem tratamento, está de todo transtornado. Logo no preâmbulo leio: “Nada possuir e a nada estar agarrado – eis a melhor posição de combate,” De quem fala o mestre do embuste? Em princípio dele próprio. E aqui se inicia uma defesa condenada ao fracasso. Porque a substância que lhe dá tálamo, é a mesma que ele diz nunca ter existido ou lhe ter interessado. A ajuizar pela vida que foi a sua em Paris (a propósito as citações na língua de Molière deixam muito a desejar e percebe-se que foram aprendidas nos cafés do bairro Latino) ou nos sítios turísticos onde gastou centenas de milhares de euros em férias de luxo, ou a vidinha de primeiro-ministro inchado de importância e amealhando milhões para poder manter a arrogância e a subordinação dos outros à sua majestosa figura. Só concordo com ele num aspecto: quando diz que Medina, qual lacaio de António Costa, foi mandado por este que governa o Partido Socialista a fazer as afirmações de ontem sobre o ex-camarada exilado em Ericeira.    

         - Com desespero, ontem de manhã, atirei-me ao romance. Há muito tempo que não nos confrontávamos, mas pouco progredi. Revi cinco páginas, corregi umas quantas linhas e por aí me fiquei. Hoje fui mais produtivo e avancei uma página. 

         - Vou a Lisboa na sequência de um contacto para ser vacinado. Falei à Carmo, António, Maria José, João, Alzira. Tempo sombrio. Céu pesado. Silêncio cavado. Vazio. Soturnidade.