Sexta, 22.
Faz
hoje dois anos que comecei O Juiz
Apostolatos. Foram 24 meses de intenso e reflectido trabalho para a moda
dos “editores” que esmifram não só o labor como o dinheiro daqueles que pagam
para trabalhar. São os vendedores de papel ao quilo, que nada percebem de
literatura, de olhos postos na TV de onde nos nossos dias saem os nobéis que o
povo analfabeto compra para passar o tempo lúgubre que o habita. Eles sabem da
pouca importância que a arte tem num país de futebol, e jogam com a vaidade e relevância
que um livro publicado tem nos estratos burgueses que pretendem armar àquilo
que não são - escritores. Mas quer-me parecer que no final ninguém ganha: não
enriquece o “editor” porque a coisa foi um fiasco, não se promoveu o autor
porque vendeu uns quantos exemplares a vizinhos e amigos, não ganhou a
literatura porque, por este processo, não é o escritor nem o seu trabalho que é
apreciado, mas o montante do extracto bancário. Em Portugal quando se tem
dinheiro, até a merda é perfumada.
- Faleceu Sequeira Costa. Devo-lhe
momentos inolvidáveis de beleza e espiritualidade. Era um exímio executante de
Beethoven, um músico sério, uma pessoa integra – valores que no nosso país não
contam para nada e por isso eu os exalto.