Sábado,
9.
Bom,
contra ventos e marés porque, pura e simplesmente, doutro modo é impossível
manter o equilíbrio, sendo a escrita o alimento que me sustem de pé, faz a
substância da minha existência e conduz os dias sobre a linha coerente do
destino a que me coube obedecer e terá forçosamente algum sentido, retomemos o
que a desilusão e sofrimento suspendeu – a escrita aqui e no romance.
- Aperta-se o cerco aos enfermeiros.
Depois de longos meses de bagunça, “greves cirúrgicas”, chantagem com os
doentes por troca, António Costa impôs-se – e bem – decretando o cumprimento cabal
dos serviços mínimos. Resta saber quem tem estado por trás deles, financiando
greves sobre greves, com o nítido propósito de acabar com o Serviço Nacional de
Saúde. Os enfermeiros correm atrás de uma fantasia. Uma vez empregados nos
hospitais particulares, passam a ser empresas em nome individual com contratos
a condizer e não funcionários públicos como hoje são - com tudo o que isso tem
de horrível para os doentes. Nos privados trabalham dias e noites a fio e...
sem protestos.
- Terminado o último trabalho de
Julien Green, a novela que dá o título ao livro, L´inconnu, escrita uns meses antes de falecer, causou-me uma
impressão maravilhosa como se todo o percurso literário de Green findasse
como começou: mais greeniano que todos os outros, próximo das suas obsessões,
traçado como testemunho do escritor, à sua perfeita imagem, talvez menos
misterioso, antes exposto na linguagem do Diário, isto é, dizendo-nos: “eis
como sou, como é todo o conjunto da minha obra”.