sábado, fevereiro 09, 2019

Sábado, 9.
Bom, contra ventos e marés porque, pura e simplesmente, doutro modo é impossível manter o equilíbrio, sendo a escrita o alimento que me sustem de pé, faz a substância da minha existência e conduz os dias sobre a linha coerente do destino a que me coube obedecer e terá forçosamente algum sentido, retomemos o que a desilusão e sofrimento suspendeu – a escrita aqui e no romance.

         - Aperta-se o cerco aos enfermeiros. Depois de longos meses de bagunça, “greves cirúrgicas”, chantagem com os doentes por troca, António Costa impôs-se – e bem – decretando o cumprimento cabal dos serviços mínimos. Resta saber quem tem estado por trás deles, financiando greves sobre greves, com o nítido propósito de acabar com o Serviço Nacional de Saúde. Os enfermeiros correm atrás de uma fantasia. Uma vez empregados nos hospitais particulares, passam a ser empresas em nome individual com contratos a condizer e não funcionários públicos como hoje são - com tudo o que isso tem de horrível para os doentes. Nos privados trabalham dias e noites a fio e... sem protestos.


         - Terminado o último trabalho de Julien Green, a novela que dá o título ao livro, L´inconnu, escrita uns meses antes de falecer, causou-me uma impressão maravilhosa como se todo o percurso literário de Green findasse como começou: mais greeniano que todos os outros, próximo das suas obsessões, traçado como testemunho do escritor, à sua perfeita imagem, talvez menos misterioso, antes exposto na linguagem do Diário, isto é, dizendo-nos: “eis como sou, como é todo o conjunto da minha obra”.