Quarta,
20.
A
propósito de Chopin acima citado. Quando estive em Cracóvia, assisti a um
concerto na catedral do compatriota que toda a Polónia venera. Um bom naipe de
músicos tinha sido instalado logo depois do altar e a assistência distribuída
pela nave central. Nevava e o frio dentro da igreja deixava-nos a tiritar,
recordando-me eu do que sabia sobre o músico através de textos escritos por
George Sand e daquela canção, magnífica (julgo que se chama Varsovie), interpretada por Gilbert
Bécaud. Sand nesta obra que estou a ler (vou na página 80), não cita nunca o
seu nome e percebe-se que a viagem a Maiorca, que fora feita por causa da asma
e dos problemas respiratórios do ilustre compositor, saiu-lhe uma tragédia com que
George não contava. Ela, ele refere-se a Chopin como o doente. Por via do
“doente”, George vai passar vários meses num inferno que só a escrita a salva.
- Dizia-se no tempo da troika, que “a
esperança é a última a morrer”. Assim parece ser, com efeito. A prova foi a
notícia que Bernie Sanders, aos 77 anos, vai tentar de novo a Casa Branca, disputando-a
contra Trump que não a quer perder. Tenhamos, então, esperança que o velho
homem lutador, único e honesto, com ideias tão diferentes da turbamulta dos políticos
que grassa pela Europa e os Estados Unidos, outras nações incluídas, consiga
ser Presidente sem o estorvo de Madame Clinton, ressabiada, a interpor-se.
- Parece que está um enfermeiro em
greve de fome em frente ao Palácio de Belém onde mora o cirurgião mor. Indaguei
a que propósito, mais a mais um enfermeiro, pensando eu que o altruísmo que
devia orientar a classe, fosse por mor dos benefícios e melhor qualidade dos
doentes. Mas não. O funcionário quer mais dinheiro e está disposto a morrer
pela causa dos carcanhóis para ele e para os outros que andaram um ano a fazer “greves
cirúrgicas”. Onde é que já se viu uma coisa assim! Ora, em Portugal, pois onde
devia ser!
- Dizem-me que tenho muitos leitores
entre o corpo hospitalar: médicos e enfermeiros. Se assim é, ter leitores não
significa ter quem me leia. Porque de contrário, já tinham registado o que aqui
digo desde os primeiros meses da governação do Mágico. Parece que só agora está
meio mundo a acordar para a realidade: nada do que nos prometiam fazia sentido,
eram promessas vãs, assentes na fantasia socialista que por todo o lado leva a
ruína. Ajudado pelos senhores jornalistas a quem ele prometeu tudo, este
governo está agora isolado, dependente da verdade, com o cerco das dificuldades
e a tristeza das famílias (lá está) a correrem à Deco a pedir ajuda para o endividamento
que está a alastrar por todo o país. Estamos a regressar à nossa crónica situação.
Não passamos de miseráveis, de uns pobres coitados que nem sabem governar a
vida.