Sábado, 16.
A
rainha de todas as mães, useira e vezeira em faits divers, sempre em bicos de pés para subir às alturas que a
sua inteligência e classe não permitem, decidiu, sozinha, fazer um cerco
cerrado ao Governo na forma de uma moção de censura. A mulher é insuportável.
Não há nela uma ponta de inteligência, de bom senso, de capacidade para o lugar
que ocupa. Estar na crista da onda do oportunismo, é a sua forma de fazer
política e nesta enxotar os velhos das casas onde viram crescer os filhos e
netos e onde possuem as raízes que os levarão, ao modo da fulana, mais rápido à
morte; e ainda na tragédia dos fogos que dizimaram florestas e pessoas, casas e
modos antigos de pastorícia, quando impôs maciçamente a plantação de
eucaliptos, entre tanta outra desgraça que a criatura criou nos cargos que ocupou.
Ela lembra-me muito a sua camarada que não sabia distinguir entre “mandado” e
“mandato” e foi Ministro da Justiça e acabou onde? onde senhores? no Conselho
de Administração da Caixa Geral de Depósitos que era o paraíso, as termas de
luxo de toda a classe política medíocre. Não querendo eu ab-so-lu-ta-men-te que Costa
tenha a maioria, acho que, contudo, deve-lhe ser dada a oportunidade de formar
um consenso com o PCP que é de todos os partidos do espectro político o mais
honesto, coerente e sério. Bem sei que falta sabermos como governaria ele o
país se tivesse um dia poder, mas até lá que ele ajude ao trabalho imenso que
há a fazer e o país não pode de-maneira-nenhuma dispensar a sua participação.
- Hoje um sobressalto mordeu a
quietude da manhã. Eu tinha contratado o mesmo homem que cá andou a trabalhar
no corte das duas tochas deixadas pelo bombeiro para queimar os inquietantes
montes de ramos dos pinheiros ao fundo da quinta, e transportar para ao pé da
casa os montões de lenha nascidos do aparo das árvores. A dada altura, a minha
preocupação, centrou-se no fogo que o vento acossou para o lado do caminho
público e rapidamente montou pelo tronco do pinheiro bravo até quase à ramagem.
Foram momentos muito difíceis que o homem, o filho de 18 anos e eu, acudimos
com baldes de água saídos felizmente de uma torneira perto do fogo. Imaginei a
desgraça que seria se estivéssemos no Verão e pude experienciar o que faria em
tal situação. E o que me apeteceu fazer foi chamar os bombeiros e fugir dali, não
fora a calma do José e do André.