segunda-feira, novembro 27, 2017

Segunda, 27.
Quando outro dia o Robert chegou ao Café Hoche para me trazer de regresso a Paris, concluía eu o parágrafo que a seguir se apresenta. Deixo-o como incentivo a prosseguir e, eventualmente, receber o estímulo dos leitores.

         “Havia nas palavras de Flávio Jardim algo que ultrapassava a questão imediata da firma e liquidação das dívidas. No fundo, por sobre toda a desgraça presente, o jovem idealista dos tempos da universidade, não perdoava ao amigo do peito ter atraiçoado uma relação para ele indispensável à consumação do equilíbrio do todo, assente no pressuposto que não se separa o que a adolescência uniu. Jardim tinha lá, nesse reino de luz, o caleidoscópio das sensações, dos rumorejos que nascem e morrem dentro de nós, a matriz, as bases indispensáveis a robustez dos dias na consagração do império eterno do amor que não se mostra à luz das noites, nem é visível ao sol dos dias. “  

         - Profetizam-nos a partir de sexta-feira os primeiros flocos de neve. Cá estarei para os ver cair com o olhar encantado da criança que descobre o mundo.

         - Houve recentemente mais uma mexida no Governo. Chou Chou não consegue estabilizar a sua equipa. Longe, muito longe vão já os dias do deslumbre. A prática dura da política anula todas as ambições de uma vida.