quarta-feira, novembro 15, 2017

Quarta, 15.
A França e as suas obsessões e moralidades. Todos os anos sai algo que atormenta os franceses o ano inteiro. Um ano a imprensa, rádio e televisão não paravam de falar em proscrastiner, outro compétitivité e agora harcèlement sexuel, para nada dizer da proibição de falar a uma criança, fazer-lhe uma carícia. Esta simples e terna manifestação de ternura é susceptível de levar o ou a à prisão. Que mundo! Que sociedade estão os franceses a construir! Todos os dias há um caso de harcèlement. Se o patrão elogia a empregada, prisão com ele por harcèlement; se um homem diz um piropo a uma rapariga, harcèlement prisão com ele; se outro homem pisca o olho a um rapaz jeitoso na rua, hercèlement prisão com ele; se um casado se descai num dito de elogio a uma amiga, harcèlement prisão com ele; se uma rapariga olha demoradamente para outra no metro, harcèlement prisão com ela... Pergunta-se como vai esta gente entender-se para namorar, casar, procriar. Sem o convite à dança, nada feito. O namoro, o interesse pelo outro, tem que se manifestar e forçosamente através de um certo  harcèlement. De contrário a vida é uma chatice, um rosário de moralidades, um pasmo de excitação a satisfazer em solitário, uma frustração. Mas a moral republicana e laica, parte de casos singulares de violência e negação, brutalidade e perseguição, para a generalidade e daí impor as leis que controlam os sentimentos. E, contudo, há lá coisa mais cativante, interessante, excitante que o harcèlement! Uma pergunta idiota: o que é melhor numa noite de amor, os preliminares ou os finalmente?

         - A recepção do Editor ao O Pesadelo dos Dias Felizes não podia ser mais gratificante. A seguir aos elogios veio o contrato que eu não vou assinar de imediato preferindo antes ter uma conversa com ele. Que raio de escritor sou eu! Outro que fosse, não esperaria um segundo para pôr a sua assinatura. A Annie e o Robert dizem que não me compreendem. E eu sei quem sou?


         - Por cá nova revoada do En Marche abandona o partido. Desta vez foi um número considerável de desiludidos com a acção de Chou Chou. Robert que votou nele, dizia-me ontem que Macron se está nas tintas, posto que alcançou o que queria – o poder.