sábado, novembro 18, 2017

Sábado, 18.

Desafiei o Robert a vir comigo à exposição Chrétiens d´Orient. Demorei-me desta vez a admirar ao pormenor as obras expostas, os livros sagrados, as pinturas bizantinas, os Evangelhos traduzidos e impressos em várias línguas, os ícones sagrados ortodoxos, os capitéis, os mosteiros, todo esse património escrito que chegou até nós praticamente intacto, vindo dos primeiros cristãos, mulheres e homens que acreditaram e pela fé deixaram-nos um testemunho impressionante de obras de arte, de símbolos cristãos, de beleza eterna. Dois mil anos de história, contada em imagens intocáveis, que atravessaram continentes, rasgaram desertos, desceram o Mediterrâneo para levar a Boa Nova, chegaram ao Médio Oriente, ao Iraque, Turquia, Síria, Líbano, Egipto, Roma...  As nossas raízes estão ali intactas e no mistério que se adensa - apesar da nossa querida União Europeia querer separar as águas de sangue dos mártires que nos antecederam -, somos levados pela intocável beleza dos nossos antepassados que primeiro do que nós construíram a vida sob o testemunho de Jesus Cristo. É essa narrativa da crença em Deus, essa vontade de fazer da história comum a essência de união entre os povos da terra, na construção material e imaterial que os arquivos documentam, as línguas concertam, a música edifica, que o entendimento e a salvaguarda da paz pode consistentemente materializar-se. Sem esse passado glorioso e difícil, sem essa história vivida pelos primeiros cristãos do Ocidente e do Oriente, a nossa existência fica sem alicerces, sem apoios consistentes, sem testemunhos que credibilizem os nossos actos. Numa sociedade verbalizada pelos valores efémeros da riqueza, do consumo e da desvalorização moral e cívica, a proposta que nos é oferecida pelo Institut du Monde Arabe traduz-se num alerta oportuno sobretudo quando a guerra e a selvajaria varre os países do Médio Oriente. Que a palavra de Cristo tenha dois mil anos, é por si só um mistério que nenhuma outra civilização pode exibir. O Salvador irmanou-nos numa comunidade eterna sob a mensagem nunca antes pronunciada e muito menos vivida – a do Amor.   
Concílio de Niceia em 325 

Mosteiro Mara Sara, Palestina 

O clã de Azeizat, Jerusalém
O padre, a sua mulher e as suas duas filhas