Sábado,
18.
Desafiei
o Robert a vir comigo à exposição Chrétiens
d´Orient. Demorei-me desta vez a admirar ao pormenor as obras expostas, os
livros sagrados, as pinturas bizantinas, os Evangelhos traduzidos e impressos
em várias línguas, os ícones sagrados ortodoxos, os capitéis, os mosteiros, todo
esse património escrito que chegou até nós praticamente intacto, vindo dos
primeiros cristãos, mulheres e homens que acreditaram e pela fé deixaram-nos um
testemunho impressionante de obras de arte, de símbolos cristãos, de beleza
eterna. Dois mil anos de história, contada em imagens intocáveis, que
atravessaram continentes, rasgaram desertos, desceram o Mediterrâneo para levar
a Boa Nova, chegaram ao Médio Oriente, ao Iraque, Turquia, Síria, Líbano,
Egipto, Roma... As nossas raízes estão
ali intactas e no mistério que se adensa - apesar da nossa querida União Europeia
querer separar as águas de sangue dos mártires que nos antecederam -, somos
levados pela intocável beleza dos nossos antepassados que primeiro do que nós
construíram a vida sob o testemunho de Jesus Cristo. É essa narrativa da crença
em Deus, essa vontade de fazer da história comum a essência de união entre os
povos da terra, na construção material e imaterial que os arquivos documentam,
as línguas concertam, a música edifica, que o entendimento e a salvaguarda da
paz pode consistentemente materializar-se. Sem esse passado glorioso e difícil,
sem essa história vivida pelos primeiros cristãos do Ocidente e do Oriente, a
nossa existência fica sem alicerces, sem apoios consistentes, sem testemunhos
que credibilizem os nossos actos. Numa sociedade verbalizada pelos valores
efémeros da riqueza, do consumo e da desvalorização moral e cívica, a proposta
que nos é oferecida pelo Institut du Monde Arabe traduz-se num alerta oportuno
sobretudo quando a guerra e a selvajaria varre os países do Médio Oriente. Que
a palavra de Cristo tenha dois mil anos, é por si só um mistério que nenhuma
outra civilização pode exibir. O Salvador irmanou-nos numa comunidade eterna
sob a mensagem nunca antes pronunciada e muito menos vivida – a do Amor.
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Concílio de Niceia em 325 |
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Mosteiro Mara Sara, Palestina |
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O clã de Azeizat, Jerusalém |
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O padre, a sua mulher e as suas duas filhas |