quarta-feira, novembro 22, 2017

Quarta, 22.
Viagem agradável, dia aberto de sol pela primeira vez desde que vim. Tempo agradável, frio q.b.. Chegámos após seis horas de auto-estrada. Mal pousei os meus haveres, fui num passeio à beira-mar, pelo extenso paredão que cerca Kiberen. Um vento fortíssimo varria o centro, o mar agitado cobriu-me de salpicos. Com dificuldade avançava, umas vezes a favor do vento, outras contra numa luta dantesca, aos ziguezagues. Quando ao fim de uma hora me vi em casa, ao quente, respirei de prazer: a promenade havia sido vivificante.

         - João Corregedor telefonou quando eu ia a caminho da Bretanha a saber quando regresso e a dizer-me que não falte ao nosso almoço de Natal, dia 15 do próximo mês. Simpático amigo de uma fidelidade de antanho. Tenho qualquer a dizer sobre esta constatação, reservá-la-ei para depois.


         - Também estive ao telefone com a Conceição, primeira mulher do António Inverno. Mais de meia hora a falar sobre o marido infeliz, quando eu insistia para que desligasse e remetêssemos a conversa para uma futura visita a Sintra onde vive com o filho e os netos. António, nos derradeiros meses de vida deixou Beja, a mulher com quem vivia e tinha um filho, para vir morrer sob a protecção da Conceição que a ele se dedicou como a um filho pródigo. Onde vão as mulheres buscar a heroicidade, a coragem e o alto serviço caritativo? Mistério.