Quarta,
22.
Viagem
agradável, dia aberto de sol pela primeira vez desde que vim. Tempo agradável,
frio q.b.. Chegámos após seis horas de auto-estrada. Mal pousei os meus
haveres, fui num passeio à beira-mar, pelo extenso paredão que cerca Kiberen. Um
vento fortíssimo varria o centro, o mar agitado cobriu-me de salpicos. Com
dificuldade avançava, umas vezes a favor do vento, outras contra numa luta
dantesca, aos ziguezagues. Quando ao fim de uma hora me vi em casa, ao quente,
respirei de prazer: a promenade havia
sido vivificante.
- João Corregedor telefonou quando eu
ia a caminho da Bretanha a saber quando regresso e a dizer-me que não falte ao
nosso almoço de Natal, dia 15 do próximo mês. Simpático amigo de uma fidelidade
de antanho. Tenho qualquer a dizer sobre esta constatação, reservá-la-ei para
depois.
- Também estive ao telefone com a
Conceição, primeira mulher do António Inverno. Mais de meia hora a falar sobre
o marido infeliz, quando eu insistia para que desligasse e remetêssemos a
conversa para uma futura visita a Sintra onde vive com o filho e os netos. António,
nos derradeiros meses de vida deixou Beja, a mulher com quem vivia e tinha um
filho, para vir morrer sob a protecção da Conceição que a ele se dedicou como a
um filho pródigo. Onde vão as mulheres buscar a heroicidade, a coragem e o alto
serviço caritativo? Mistério.