quinta-feira, novembro 02, 2017

Quinta, 2 de Novembro.
Na trapalhada que se seguiu à proclamação da independência da Catalunha, com a fuga para a Bélgica de Puigdmont e seus próximos colaboradores, estes entretanto regressados para julgamento, o que fica é a impressão de um golpe mal executado. Eu se fosse ao Presidente da Generalitat, não teria abandonado o barco e sujeitar-me-ia às consequências. Afinal de contas, não há nada mais nobre do que defender as ideias em que se acredita. Tudo o resto cheira a fanfarrice.

         - Ontem fui ter com o João à Brasileira. O resto dos tertulianos, sendo feriado, não apareceu. Ali estivemos por um tempo a discutir as cenas dos catalães e depois apareceu o Carlos e juntos fomos almoçar ao Príncipe. Ágape cordato, sem muito ruído, comida miserável e convívio excelente, recheado de um vulcão temático que abrangeu todo o mundo ali e no bar da Bertrand, e depois na fnac, até perto às sete da tarde. Quando nos separámos fazia noite e Corregedor desabafou: “Olha, estamos em Paris!”

         - O funcionário de uma loja na Baixa onde tenho o hábito de fazer compras, dizia-me esta tarde: “O senhor transmite-nos alegria, felicidade.” Ganhar a lotaria ao lado deste prémio imerecido, que valor tem? Nenhum.


         - Recebi as análises deste ano (o ano passado perdi as prescrições do médico). Tudo impecável. Até o famoso colesterol nunca esteve tão baixo: 173. Todos estes excelentes valores são devidos ao que levo à boca ou antes ao que não ingero. E como costumo dizer ainda não foi desta que alimento a saúde à força de drogas que os nossos queridos médicos dizem indispensáveis “para o resto da vida”. Com efeito, à parte os delírios de cabeça devido ao esforço da escrita que convoca demasiado o sistema nervoso que eu ainda não aprendi a debelar e temo me conduza à loucura, tudo o mais funciona como uma máquina de precisão. O cérebro é de todos os nossos órgãos o mais intrincado. A sua droga natural é o sono. Mas o sono acontece com ramificações complexas que têm a génese na vida passada, presente e nos atropelos do quotidiano. Compreendê-lo, é aprender o Universo.