terça-feira, julho 04, 2017

Terça, 4.
Domingo, na missa das dez e trinta, em Setúbal, a dada altura, entra uma pedinte que varre literalmente as coxias do templo esmolando com voz tremelicada. Devia ser uma mulher muito inteligente e sensata, porque se há lugar mais apropriado para aquela actividade, são as igrejas. É, como se costuma dizer, tiro e queda.

         - Cada vez me convenço mais que todo o funcionamento litúrgico da Igreja católica provém de S. Paulo. É dele a cartilha que informa cada sacerdote, dá cor á homilia, introduz no sentimento do fiel a ideia - que era a do apóstolo – de estarmos à beira do fim do mundo. Só não encontro na Igreja a loucura, o impulso desbragado, a contumácia do construtor de tendas. O Papa Francisco anda perto, o cardeal de Lisboa, muito longe.

         - Justamente, ao almoço no Príncipe com o Carlos e o Virgílio, foi do Apostolo que falámos. Carlos mostrou que leu o NT e por isso foi-me possível deter-me em conversa prolongada e por vezes viva. Já no tocante ao Deuteronómio, ele está mais avançado do que eu.


         - Que ridículo aquela entrada do pequeno Chou-Chou em Versalhes para onde fez transferir o Congresso de forma a falar durante hora e meia do seu reino. É o moderno monarca dos franceses que falou aos nobres sem conseguir enganar o povo que não viu nas suas palavras nada de substancial. Pobre democracia que permite a criação de novos-ricos da política e da importância pessoal.