quarta-feira, julho 19, 2017

Quarta, 19.
Ontem, a caminho do meu dentista, no metro, três ingleses de chinelo, faziam uma algazarra como se estivessem a delirar com a sua equipa de futebol. Os olhares indignados eram mais que muitos. Eu seguia sentado ao seu lado, e a dada altura, não podendo mais suportar a vozearia, atirei com toda a minha irritação: shut up! O rapaz que tinha a carpete chinesa estampada no corpo, virou-se a mim. Felizmente que um homem português, espadaúdo, encostou-o, literalmente, à carruagem e a ocorrência ficou por ali. Se a coisa se tivesse passado com o Corregedor, era certo e sabido que o nosso deputado se teria virado a ele ao murro... e só se perdiam os que caíssem no chão.


         - A cena do roubo de armas já praticamente saiu da ribalta sem culpados nem apanhados os ladrões. Resta os incêndios onde por todo o lado (ontem na paragem do autocarro e no café do Corte Inglês) o pagode diz não haverá ajuda para ninguém e os políticos encontraram um meio de viajar e mostrar-se para as câmaras de televisão. Responsáveis é algo que ninguém sabe onde estão. As populações afectadas, a dor dos que morreram naquela fatídica estrada que a Polícia deu por segura, é coisa do passado. O país continua com os mesmos, a mesma propaganda ruinosa, os mesmos assassinos à solta, o mesmo canto de sereia sobre as virtudes da economia, do défice, dos afectos e das festas populares e da entrada da nova época futebolística. Esta fatalidade nacional é característica de um povo inculto, inconsciente, sem ambição nem grandeza.