quarta-feira, julho 26, 2017

Quarta, 26.
Ontem, badalando-me pela Baixa, entrei na igreja de S. Nicolau que fica junto ao elevador de Santa Justa. O Senhor estava exposto no altar e no templo umas cinco pessoas em recolhimento. Lá fora a canícula insuportável que nos fatigava e desalentava. Ali, no completo silêncio da oração, momentos de paz, longe do bulício da cidade atravancada de turistas. O silêncio é o único toque no manto divino de Jesus Cristo.


         - Almocei no Sinal Verde, à Calçada do Combro. À mesa Virgílio, Alexandre, Álvaro e o um colega, mais tarde chegou o Irmão. Nada a registar, a não ser o facto que me começam a cansar estes almoços longos, regados abundantemente e durante os quais não se pode ter uma conversa decente devido ao álcool e ao ruído em volta. Melhor está-se na Brasileira onde as conversas sobem de nível e o tom é mais íntimo. Logo depois, entrei na Caixa para acordar com a minha gestora de conta, uma rapariga luminosa, com um sorriso secreto que lhe enche o rosto jovem e bonito, as novas condições da estratégia Paulo Macedo. Se ele sabe fazer contas a seu favor, eu sei ajustar-me de modo a pagar o mínimo possível. Assim, despachei o seguro de saúde que não me servia para nada e em muitos anos nunca o utilizei, e quando o fiz para tratar dos dentes disseram-me que não tinha direito a nada. Deste modo, entre o que o gestor pago a peso de ouro pretende obrigar-me a pagar e a renúncia ao cartão de saúde, ficámos quites, ela por ela. Resta-me aguardar pelo próximo ano quando acaba uma aplicação e no seguinte quando finda uma outra, para me evadir de uma prisão sinistra que alberga dentro dos seus muros os conluios fedorentos e criminosos que a arruinaram. Pena que Jerónimo de Sousa não tenha tido ainda uma palavra sobre o assunto.