quarta-feira, julho 05, 2017

Quarta, 5.
Quando vou a Lisboa, normalmente, opto pelo barco. Desembarcado no Terreiro do Paço, sigo pedibus cum jambis pela Rua Augusta, subo o Chiado e entro na Brasileira. Aquele trajecto, oferece-me de cada vez, o espectáculo de uma cidade anárquica, habitada por maltrapilhos e pobres, a que o calor confere o lugar africano da indecência e do aproveitamento, com toneladas de turistas que pura e simplesmente se apropriaram das ruas, como se aquilo fosse a sua sala de visitas e pudessem ficar por horas estendidos ao sol, os pés sobre as cadeiras, muitos em calções, quase todos abelhas amorfas a quem interessa apenas estar ali sem fazer nada, sem pensar em nada, sem conhecer mais do que a luz do dia reflectida nas muralhas da cidade. Sentem-se reis não só do país como de si próprios, esmagados pela doce maneira de viver dos lisboetas à bolina da sua verdadeira identidade, de sorriso escancarado para os receber, como se fossem eles os nascidos na cidade e os portugueses os passageiros a caminho de um lugar que nenhum mapa inscreve.


         - O pequeno rei dos franceses vai-se desmascarando aos poucos como se previa. Muitas das medidas prometidas na campanha presidencial, foram já deslocadas para as calendas de um ano incerto, alguns (quatro, suponho) dos impolutos ministros escolhidos por Chou-Chou caíram da carruagem imperial por corruptos ou ajeitados em interesses pessoais à sombra do erário público, um mês depois da entronização, nada mudou ainda e tudo é conduzido no sentido do passado e do compadrio como, por exemplo, a anulação anteontem em Bruxelas do ano imposto por Segolene Royal em nome dos interesses alemães no domínio das energias.