Segunda,
5.
Enfuna
da tragédia de Londres, os pormenores das acções dos jihadistas. Estes
inqualificáveis seres, depois de terem largado a viatura com que atropelaram os
passantes que encontraram no caminho, armados de facas, mataram todos quantos depararam
na frente. Sabe-se que houve sete mortos, que três dos bárbaros foram
liquidados, mas não se sabe ainda quantos dos feridos irão sobreviver. O ataque
já foi reivindicado pelo Daesh. Theresa May mantem – e bem – a data das eleições marcadas para
quinta-feira.
- Virgílio nunca se refez
completamente da morte da mulher. Ficando só, custa-lhe estar em casa sem a
companhia do filho ou de qualquer outro familiar. Sabendo disso, tenho o hábito
de lhe telefonar às vezes à noite. Foi o que aconteceu anteontem. Reparem neste
delicioso diálogo:
- “Olá, Virgílio, estás bem?
- Tás a ver o jogo?
- Eu? Qual jogo? – pergunto indignado.
- Ah, é verdade tu não gostas de
futebol!
- Estou a ver o canal Arte.
- O Ronaldo marcou mais um golo –
diz-me ele entusiasmado.
- Mas isso da bola ainda não terminou?
– indigno-me eu.
- Não. O gajo é o maior! – responde-me,
despachado.
- Bom. Deixo-te. Boa-noite e vai lá
ver o jogo.”
Quando desliguei o telefone, senti
ganas de telefonar ao fisco espanhol pedindo-lhe que não prenda o craque. O que
são 15 milhões de fuga aos impostos ante a felicidade do Virgílio!
- A propósito do meu amigo escultor,
direi que sempre me dei muito bem com pintores, músicos, arquitectos. São as
melhores companhias. Corram com advogados, engenheiros, economistas, escritores
e tipos dessa laia. A amizade que mantenho com o Werner, mesmo à distância, não
cessa de crescer e apesar de ele ser suíço. Volta que não volta, manda-me
coisas. Desta vez, este retrato de um seu vizinho.
- Uma parte do dia foi preenchida na
cozinha. Como este ano foi ano de alperces e ameixas em quantidades
excepcionais, pus-me a fazer compotas. Trabalho artesanal, paciente, que toma
muitas horas, mas deixa-nos intimamente felizes por vir de tempos ancestrais e
trazer consigo a memória que a industrialização recusa apressada em intoxicar
as pessoas.