Quinta,
15.
A
tragédia de Londres aperta-se nos seus contornos. À medida que o tempo passa,
vão-se acumulando os mortos e os feridos. Os últimos números apontam para 17
mortos e várias dezenas de feridos, sem contar com os desalojados que, pelo
simples facto de estar vivos, agradecem ao Senhor. Aparentemente está afastada
a hipótese de terrorismo, substituída pela falta de estruturas de segurança num
edifício com 24 andares. De resto, como quase sempre acontece, os moradores
lutaram com a autarquia para que prevenisse o óbvio. No meu romance, O Rés-do-Chão de Madame Juju, existe uma
cena idêntica. Os interesses do proprietário e o laxismo da autarquia de
Lisboa, levaram à morte uma moradora do último andar, para além de obrigar o
velho Lascas a uma mirabolante imaginação para se defender e proteger os seus
bens. Dito isto, tendo em conta como o fogo se propagou tão rápido e, digamos,
tão ordeiramente, quer-me parecer que ali houve mão sábia.
- Eu costumo apontar uma certa parte
do corpo humano por “polo sul”, mas Corregedor bate-me aos pontos quando a define
por “parque de diversões”. É muito mais giro e abrangente...
- Está aqui um calor infernal. Hoje,
de manhã muito cedo, fiz-me ao trabalho: regas, aparo das palmeiras, carrego de
aparas para queimar, apanha de ameixas e passo. Agora vou mergulhar naquela espécie
de sopinha morna em que se transformou a água. Prefiro-a fria, se possível
gelada.