quinta-feira, junho 15, 2017

Quinta, 15.
A tragédia de Londres aperta-se nos seus contornos. À medida que o tempo passa, vão-se acumulando os mortos e os feridos. Os últimos números apontam para 17 mortos e várias dezenas de feridos, sem contar com os desalojados que, pelo simples facto de estar vivos, agradecem ao Senhor. Aparentemente está afastada a hipótese de terrorismo, substituída pela falta de estruturas de segurança num edifício com 24 andares. De resto, como quase sempre acontece, os moradores lutaram com a autarquia para que prevenisse o óbvio. No meu romance, O Rés-do-Chão de Madame Juju, existe uma cena idêntica. Os interesses do proprietário e o laxismo da autarquia de Lisboa, levaram à morte uma moradora do último andar, para além de obrigar o velho Lascas a uma mirabolante imaginação para se defender e proteger os seus bens. Dito isto, tendo em conta como o fogo se propagou tão rápido e, digamos, tão ordeiramente, quer-me parecer que ali houve mão sábia.

         - Eu costumo apontar uma certa parte do corpo humano por “polo sul”, mas Corregedor bate-me aos pontos quando a define por “parque de diversões”. É muito mais giro e abrangente...


         - Está aqui um calor infernal. Hoje, de manhã muito cedo, fiz-me ao trabalho: regas, aparo das palmeiras, carrego de aparas para queimar, apanha de ameixas e passo. Agora vou mergulhar naquela espécie de sopinha morna em que se transformou a água. Prefiro-a fria, se possível gelada.