quinta-feira, junho 08, 2017

Quinta, 8.
Caminhando a par comigo na Rua Augusta, três risonhas raparigas chinesas. Com um defeito: não falavam, gritavam. Voltei-me para elas e disse-lhes que falassem baixo, que em Portugal só as pessoas de pouca educação berram quando falam. Ficaram muito espantadas a olhar para mim como se tivessem ouvido uma máxima de Mao Tzé-Tung que elas decerto não sabem quem foi. 

         - Pelos meus caminhos parisienses, ocorreu anteontem mais um atentado. Um homem de meia-idade, atacou a polícia com um martelo e duas facas. O agente foi para o hospital, o homem para a prisão.

         - Ofereci ao Carlos o meu livro Fragmentos do Silêncio na edição ilustrada pelo Carlos Rocha Pinto. Trata-se de uma obra rara, encadernada, cujos fotolitos foram destruídos e feitos apenas 250 exemplares, numerados, que a Zélia da Barata comprou na totalidade, assim como a serigrafia de 100 unidades executada pelo saudoso António Inverno. À noite, o meu amigo telefonou-me a dizer que quase acabou de ler o livro e acrescentou: “agora compreendo porque gostaste tanto da minha escultura”.


         - Estou siderado com a personalidade de S. Paulo. É a partir dele que as coisas se complicam e a Palavra de Jesus conhece toda a sorte de malabarismos – mas o homem é surpreendente.