Quarta, 5.
Não deixei a quinta um minuto. Cumpri
rigorosamente o programa que havia traçado ao acordar: cortar a erva daninha em
volta da casa e avançar no livro. Assim, desde a sete da manhã, fui alternando uma
hora de escrita com outra de roçadora em punho. Intervalei para o almoço,
seguido de leituras e uma soneca de dez minutos. Pelas quatro da tarde, tinha o
recinto todo limpo e desanuviado do mau aspecto. Agora estou sentado na mesa
larga onde o sol já não bate, ouço o cuco lá longe acenando-me, um vento
massajado limpa a erva que ficou presa ao meu cabelo e calças, e entrego-me ao
repouso de quem faz dele a contemplação banhada do silêncio que aqui reside em
permanência. Dos céus chega-me uma música cristalina. Não mereço nada disto,
mas estou grato pelo que me veio parar às mãos. A força da vida está em não ter
força alguma. Carpe diem. Oh, caro Imperador!