quarta-feira, abril 05, 2017

Quarta, 5.
Não deixei a quinta um minuto. Cumpri rigorosamente o programa que havia traçado ao acordar: cortar a erva daninha em volta da casa e avançar no livro. Assim, desde a sete da manhã, fui alternando uma hora de escrita com outra de roçadora em punho. Intervalei para o almoço, seguido de leituras e uma soneca de dez minutos. Pelas quatro da tarde, tinha o recinto todo limpo e desanuviado do mau aspecto. Agora estou sentado na mesa larga onde o sol já não bate, ouço o cuco lá longe acenando-me, um vento massajado limpa a erva que ficou presa ao meu cabelo e calças, e entrego-me ao repouso de quem faz dele a contemplação banhada do silêncio que aqui reside em permanência. Dos céus chega-me uma música cristalina. Não mereço nada disto, mas estou grato pelo que me veio parar às mãos. A força da vida está em não ter força alguma. Carpe diem. Oh, caro Imperador!