domingo, abril 09, 2017

Domingo, 9.
As técnicas mortíferas exportadas pelos bárbaros do Daesh, parecem ser hoje na Europa  o cunho sanguinário dos seus seguidores. Mais uma vez um país europeu foi atacado: a Suécia. Um tipo já entrado na idade, utilizando um camião, avançou por uma rua movimentada de Estocolmo e levou de arrasto dezenas de transeuntes. Quatro morreram no local, um número ainda incerto de feridos está no hospital. A polícia já capturou um suspeito e agora o que fica por apurar é se o criminoso actuou a soldo dos desumanos barbudos. Esta guerra está longe de ser ganhada. É de todas a mais cruel e covarde e não há armamento por muito sofisticado que seja a possa vencer.

         - Neste entretanto, os meninos abastados do Portugal desigual de hoje, em viagem de férias pelo Sul de Espanha, causaram milhares de euros de prejuízo ao hotel aonde ficaram hospedados. Digo bem ficaram, porque já não estão, tendo sido expulsos por selvagens dado o vandalismo que deixaram para trás. Ao todo mil rapazes e raparigas a quem lhes foi dado tudo menos educação e princípios. Esta é a juventude do Portugal democrático e republicano, futuros governantes dos destinos do país. Basta que eles saibam somar e multiplicar, serem capazes de manter o défice entre 1,5-2% para serem os génios indispensáveis às sociedades nascidas do vazio, assentes no egoísmo e na indiferença do outro, analfabetas e colectivamente boçais.

         - Tenho ali em fila de espera, o segundo volume da Bíblia traduzida pelo nosso sumo-pontífice Frederico Lourenço, para ler. Hoje, no Público, Frei Bento Domingues, fala do trabalho magnífico do nosso ilustre Professor. Eu escrevi quando li o primeiro volume, que Frederico Lourenço com esta sua magistral tradução (e notas) do grego, ia trazer para o reino de Deus muitos leitores. Pressenti quando li os Evangelistas, que FL é um apaixonado pela figura de Jesus Cristo, independentemente de acreditar ou não em Deus. (Não sei, não o conheço pessoalmente.) Todavia, quem põe os pontos nos ii, é o frade dominicano ao esclarecer: “O projecto de Frederico Lourenço, assumido pela Quetzal (honra lhe seja feita, acrescento eu) não se limita a uma nova tradução do Novo Testamento, do qual já existem várias (eu tenho a Vulgata), de diversos estilos, mas à tradução de toda a Bíblia grega, judaica e cristã. A Bíblia judaica e a Bíblia hebraica não se identificam, como se a grega não fosse, também, judaica. A grega designada como Septuaginta (LXX) é a primeira tradução da Bíblia e o seu nome designa a tradução da Torah hebraica para o grego, realizada em Alexandria durante o reinado de Ptolomeu II (285-246 a.C.).” Ou seja, o articulista quer dizer por outras palavras, que ninguém é dono da Verdade e a Igreja (digo eu) quis impor a partir do séc. V da nossa Era, a Bíblia de S. Jerónimo, também chamada Latina. Termino com esta saborosa provocação do distinto monge: “Espero que, entre nós, o nome de Lutero tenha deixado de ser considerado um insulto.” Não é uma graça! Sobretudo quando a seta vai direitinha a Igreja portuguesa (entenda-se o clérigo).  


         - Posso andar teso que nem um carapau, mas se topo um livro de Nathaniel Hawthorne, não resisto a comprá-lo. (A E., quando nos dávamos, costumava dizer que eu podia não ter dinheiro para nada, mas para livros aparecia sempre.) Este que estou a devorar com enorme prazer, chama-se A Casa das Sete Empenas. Reparem como o autor do séc. XIX, conserva toda a atualidade neste fragmento:  “A classe é o maior elemento da riqueza  e da opulência e não tem qualquer existência espiritual depois da morte destas, mas morre irremediavelmente ao mesmo tempo que elas.” Toma e embrulha.