Terça, 28.
Este
oásis que o Mágico teima a impingir-nos, sofre de um mal-estar que vegeta fundo
nas estruturas sócio-quotidianas e dilata a membrana da desconfiança. Exemplos
não faltam, a começar pelo hospital da Covilhã onde uma parturiente não foi
acudida a tempo perdendo assim o seu bebé. Quando as autoridades quiseram
apurar a culpa, desapareceram os processos e as imagens de vigilância como por
magia. De igual modo, o que se passa com os dez mil milhões de euros postos ao
fresco em offshores, quando da gestão de Passos Coelho e do seu secretário dos
Assuntos Fiscais, Paulo Núncio. Aqui também voaram elementos de identificação
dos faltosos. A Mãe-de-todas-as-mães, veio louvá-lo porque transportou às
costas a culpa, embora só depois de ser denunciado pelo seu antigo director-geral
das Finanças, Azevedo Pereira. Para não falar nas cinquentas armas furtadas que
estavam à guarda da PSP. Culparam os dois guardas que vigiavam diariamente o
depósito, deixando de fora os seus superiores. Ou ainda aqueles presos fugidos
da cadeia de Castelo Branco serrando as grades e dois deles em dois dias terem
sido encontrados a salvo em Espanha. Isto é Portugal no seu melhor. Ou antes o
paraíso apetecido por todos os mafiosos, reis depostos por roubo, empresários
corruptos e políticos reformados com saborosas somas do Estado.
- No domingo dei uma volta pelo
mercado da Moita. Duas mulheres, conversavam: “Os homens têm a mania que sabem
tudo e vai-se a ver não sabem nada.” A surda luta de sexos continua.