sexta-feira, fevereiro 17, 2017


Sexta, 17.
A Casa Branca está transformada num buraco onde todos ralham e ninguém tem razão. Não fora isso, estaria a aplaudir hoje, aqui, a decisão de a Rússia associada aos EUA no combate ao Daesh que ontem e hoje, em atentados, no Paquistão onde matou mais de 70 pessoas a que se somam 250 feridos e no Iraque com número de mortos e feridos ainda não contabilizados, os dois coligados, evitariam decerto esta mortandade. Mas Trump parece ter perdido velocidade, enrolado em escândalos e incompetência. Gerir um país, não é a mesma coisa que fazer especulação imobiliária.

         - Eu, confesso, tenho um certo gosto por lutas. Mesmo quando elas não passam de rocócócó de capoeira. Assim, estive hoje uma boa hora na Câmara a esgrimir razões acerca dos montantes a pagar pela ruptura do cano de água (entretanto chegou mais uma factura no valor de 266,74 €, ficando o total em 944,40 €)!! Em tudo isto, do meu ponto de vista, os célebres resíduos e quejandos, que por si só ultrapassam 200 euros, e não são mais do que um abuso e uma taxa, tendo em conta que são calculados em função do montante da factura mensal e não do serviço praticado em si. Por outro lado, não gostei de receber as facturas com prazos apertados, que considerei uma indelicadeza e um marimbanço para o cidadão, tendo em conta que os serviços não tinham respondido a dois e-mails que enviei. À portuguesa - mesmo numa câmara dita comunista -, passa para cá o dinheiro e depois falamos sobre esses direitos e opiniões que o sujeitinho diz possuir. A dada altura o caldo entornou e eu encerrei a conversa deste modo: “Venham fechar a água, ponham o assunto em tribunal que eu sei defender-me.” Estupefacção. Mais ainda quando afirmei que a água como o sol não são propriedade de ninguém. Entretanto, telefonou-me uma funcionária. Mandei terceiro e-mail, uma reunião vai ser marcada com o chefão. Se narro este episódio, é para alertar os meus concidadãos para o facto de terem em conta as inúmeras leis que, segundo me explicaram, não obedecem a Lei geral, mas são produzidas de dedo no ar nas reuniões camarárias. Depois é só tocar no botão do computador e vomitar páginas com facturas e outros documentos farruscos, saídos da democrática assembleia. Os funcionários que nos atendem, só sabem responder: “É a lei!” E eu replico: “Para isso não é preciso curso escolar ou universitário, basta obedecer à voz do patrão.” O que me remete para a lei que o PS quer implementar de descentralização, dando um poder imenso às autarquias. Sabendo-se como os nossos presidentes de junta e de câmara são tão mal preparados, alguns mesmos analfabetos, dependentes de arrivistas e serventuários locais, interesses económicos e outros, que mais nos irá acontecer! Meu Deus, o que este país tem ainda de aprender para ser uma real democracia! O medo e a incapacidade de os nossos funcionários pensarem pela sua cabeça, é produto de quarenta anos de obscurantismo salazarento e outros tantos de democracia arrogante e impreparada! Depois, não nos esqueçamos que o funcionalismo público é, grosso modo, um batalhão de gente subserviente, que obedece em primeiro ao gestor, e vive no pavor de perder o emprego e, portanto, incapaz de ver no cidadão aquele que deve servir como principal.   

         - O “senhor Silva” virou escritor (há chusmas deles, não é verdade!), ou antes, justiceiro. Dos extractos que li, ficou-me a ideia que o homem, perdão, sua excelência-professor-economista-presidente Aníbal Cavaco Silva, ao invés de fazer a história (pequenina, pequenina) da sua passagem por Belém, ataca ferozmente o senhor engenheiro diplomado ao domingo, José Sócrates. No fundo, eles são iguaizinhos, só que vistos do avesso. Só lamento a quantidade de árvores que foi preciso derrubar para imprimir aquele tijolo de boçalidades. Espero, ao menos, que ele tenha tido a mão de um revisor, porque se o português for o que ele nos habituou, estamos conversados.