Sexta, 17.
A
Casa Branca está transformada num buraco onde todos ralham e ninguém tem razão.
Não fora isso, estaria a aplaudir hoje, aqui, a decisão de a Rússia associada
aos EUA no combate ao Daesh que ontem e hoje, em atentados, no Paquistão onde matou
mais de 70 pessoas a que se somam 250 feridos e no Iraque com número de mortos
e feridos ainda não contabilizados, os dois coligados, evitariam decerto esta
mortandade. Mas Trump parece ter perdido velocidade, enrolado em escândalos e
incompetência. Gerir um país, não é a mesma coisa que fazer especulação imobiliária.
- Eu, confesso, tenho um certo gosto
por lutas. Mesmo quando elas não passam de rocócócó de capoeira. Assim, estive
hoje uma boa hora na Câmara a esgrimir razões acerca dos montantes a pagar pela
ruptura do cano de água (entretanto chegou mais uma factura no valor de 266,74
€, ficando o total em 944,40 €)!! Em tudo isto, do meu ponto de vista, os
célebres resíduos e quejandos, que por si só ultrapassam 200 euros, e não são
mais do que um abuso e uma taxa, tendo em conta que são calculados em
função do montante da factura mensal e não do serviço praticado em si. Por
outro lado, não gostei de receber as facturas com prazos apertados, que
considerei uma indelicadeza e um marimbanço para o cidadão, tendo em conta que os
serviços não tinham respondido a dois e-mails que enviei. À portuguesa - mesmo numa
câmara dita comunista -, passa para cá o dinheiro e depois falamos sobre esses
direitos e opiniões que o sujeitinho diz possuir. A dada altura o caldo
entornou e eu encerrei a conversa deste modo: “Venham fechar a água, ponham o
assunto em tribunal que eu sei defender-me.” Estupefacção. Mais ainda quando
afirmei que a água como o sol não são propriedade de ninguém. Entretanto,
telefonou-me uma funcionária. Mandei terceiro e-mail, uma reunião vai ser
marcada com o chefão. Se narro este episódio, é para alertar os meus
concidadãos para o facto de terem em conta as inúmeras leis que, segundo me
explicaram, não obedecem a Lei geral, mas são produzidas de dedo no ar nas
reuniões camarárias. Depois é só tocar no botão do computador e vomitar páginas
com facturas e outros documentos farruscos, saídos da democrática assembleia.
Os funcionários que nos atendem, só sabem responder: “É a lei!” E eu replico:
“Para isso não é preciso curso escolar ou universitário, basta obedecer à voz
do patrão.” O que me remete para a lei que o PS quer implementar de
descentralização, dando um poder imenso às autarquias. Sabendo-se como os
nossos presidentes de junta e de câmara são tão mal preparados, alguns mesmos
analfabetos, dependentes de arrivistas e serventuários locais, interesses
económicos e outros, que mais nos irá acontecer! Meu Deus, o que este país tem
ainda de aprender para ser uma real democracia! O medo e a incapacidade de os
nossos funcionários pensarem pela sua cabeça, é produto de quarenta anos de
obscurantismo salazarento e outros tantos de democracia arrogante e impreparada! Depois, não
nos esqueçamos que o funcionalismo público é, grosso modo, um batalhão de gente
subserviente, que obedece em primeiro ao gestor, e vive no pavor de perder o
emprego e, portanto, incapaz de ver no cidadão aquele que deve servir como principal.
- O “senhor Silva” virou escritor (há
chusmas deles, não é verdade!), ou antes, justiceiro. Dos extractos que li,
ficou-me a ideia que o homem, perdão, sua excelência-professor-economista-presidente
Aníbal Cavaco Silva, ao invés de fazer a história (pequenina, pequenina) da sua
passagem por Belém, ataca ferozmente o senhor engenheiro diplomado ao domingo,
José Sócrates. No fundo, eles são iguaizinhos, só que vistos do avesso. Só
lamento a quantidade de árvores que foi preciso derrubar para imprimir aquele tijolo
de boçalidades. Espero, ao menos, que ele tenha tido a mão de um revisor,
porque se o português for o que ele nos habituou, estamos conversados.