Quarta, 1 de Fevereiro.
Trump trouxe aos meios de comunicação um quê de
assunto de que eles tanto careciam. Portugal é demasiado pequeno e por isso
estende os noticiários aos horrores dos crimes de faca e alguidar, à melopeia
do futebol, à lengalenga mentirosa da política, à exposição de “figuras
públicas” que são quase todas saídas dos bonecos de Bordalo Pinheiro. Se
percorrermos as estações de televisão, observamos a unanimidade construída dos
senhores importantes, que falam para o mundo, todos servindo-se do mesmo
vocábulo, gestos e tiques, convencidos da sua importância além fronteiras,
apostados em que o 45 Presidente dos EUA vai ter em conta as suas lúcidas,
cultas e independentes máximas. A SIC vai ao ponto de não só dar a palavra ao
menino Miguel, como de ter agora uma espécie de rubrica dos crimes
cometidos por Ronald Trump contra a humanidade. É a chamada esquerda no seu
esplendor. O homem está a cumprir cabalmente aquilo que declarou aos
americanos, mas estes amantes da ronceirice acham que um país com mais de um século
de democracia, pretende impor o nazismo como já os ouvi dizer. O patriotismo
pelo mundo democrático é tal, que ontem o novo educador da classe operária, foi
ao ponto de dizer do pedestal da sua vida organizada e abastada de muitos e incógnitos segredos: “Quando a vontade do povo é qualquer coisa que vai contra
aquilo que nós (sublinho “nós”) temos como (eu diria por, mas quem sou eu para
corrigir tão primoroso escritor!) o bem comum e as melhores ideias, não é
preciso ceder à vontade do povo, é preciso (ele impõe) resistir à vontade do
povo.” Palavras para quê? É um distinto autor, jornalista, educador e comentador do mais
refinado gosto e eloquência. Arnaldo de Matos ao seu lado, não passa de um
aprendiz de feiticeiro.
- No
Parlamento discute-se o projecto de lei do BE sobre a eutanásia. Depois do que
vi no debate do primeiro canal, não reconheço competência a nenhum dos
deputados para legislar sobre o assunto. A dita esquerda quer impor de qualquer
maneira uma lei aberrante. Está-se, literalmente, nas tintas para a vida
humana.
- Portugal,
segundo os meninos Migueis cá do sítio, é um país com padrões de civilidade
altos, a família o berço do equilíbrio social e o padrão de ajuste do marketing
de produto que faz progredir o mercado e introduz a riqueza (ainda que alguns fujam)
no PIB. Todavia, como eu tenho outras formas de medir o grau de qualidade de um
povo, pergunto como situar o português quando, de norte a sul do país, as cenas
inqualificáveis de violência doméstica vão ao ponto, como aconteceu esta manhã
em Chelas, de no meio de uma discussão entre um amigo dos donos da casa, este
pura e simplesmente atirar do segundo andar para a rua o filho de nove anos que
quis defender a mãe. Não se conhecem mais pormenores sobre as razões que
levaram o homem a entrar em casa e a agredir a mulher. O que se tem por certo é
que a criança terá partido um braço e a bacia e encontra-se internada no
hospital.
- Já
se conhece a identidade e a motivação do criminoso que entrou numa mesquita no
Quebeque e matou seis pessoas. Trata-se do estudante franco-canadiano, de 27
anos, aluno da universidade do Laval, que tem ódio aos muçulmanos e, diz a
imprensa, adorava Trump e Marine Le Pen.