quarta-feira, fevereiro 01, 2017

Quarta, 1 de Fevereiro.
Trump trouxe aos meios de comunicação um quê de assunto de que eles tanto careciam. Portugal é demasiado pequeno e por isso estende os noticiários aos horrores dos crimes de faca e alguidar, à melopeia do futebol, à lengalenga mentirosa da política, à exposição de “figuras públicas” que são quase todas saídas dos bonecos de Bordalo Pinheiro. Se percorrermos as estações de televisão, observamos a unanimidade construída dos senhores importantes, que falam para o mundo, todos servindo-se do mesmo vocábulo, gestos e tiques, convencidos da sua importância além fronteiras, apostados em que o 45 Presidente dos EUA vai ter em conta as suas lúcidas, cultas e independentes máximas. A SIC vai ao ponto de não só dar a palavra ao menino Miguel, como de ter agora uma espécie de rubrica dos crimes cometidos por Ronald Trump contra a humanidade. É a chamada esquerda no seu esplendor. O homem está a cumprir cabalmente aquilo que declarou aos americanos, mas estes amantes da ronceirice acham que um país com mais de um século de democracia, pretende impor o nazismo como já os ouvi dizer. O patriotismo pelo mundo democrático é tal, que ontem o novo educador da classe operária, foi ao ponto de dizer do pedestal da sua vida organizada e abastada de muitos e incógnitos segredos: “Quando a vontade do povo é qualquer coisa que vai contra aquilo que nós (sublinho “nós”) temos como (eu diria por, mas quem sou eu para corrigir tão primoroso escritor!) o bem comum e as melhores ideias, não é preciso ceder à vontade do povo, é preciso (ele impõe) resistir à vontade do povo.” Palavras para quê? É um distinto autor, jornalista, educador e comentador do mais refinado gosto e eloquência. Arnaldo de Matos ao seu lado, não passa de um aprendiz de feiticeiro.

         - No Parlamento discute-se o projecto de lei do BE sobre a eutanásia. Depois do que vi no debate do primeiro canal, não reconheço competência a nenhum dos deputados para legislar sobre o assunto. A dita esquerda quer impor de qualquer maneira uma lei aberrante. Está-se, literalmente, nas tintas para a vida humana.

         - Portugal, segundo os meninos Migueis cá do sítio, é um país com padrões de civilidade altos, a família o berço do equilíbrio social e o padrão de ajuste do marketing de produto que faz progredir o mercado e introduz a riqueza (ainda que alguns fujam) no PIB. Todavia, como eu tenho outras formas de medir o grau de qualidade de um povo, pergunto como situar o português quando, de norte a sul do país, as cenas inqualificáveis de violência doméstica vão ao ponto, como aconteceu esta manhã em Chelas, de no meio de uma discussão entre um amigo dos donos da casa, este pura e simplesmente atirar do segundo andar para a rua o filho de nove anos que quis defender a mãe. Não se conhecem mais pormenores sobre as razões que levaram o homem a entrar em casa e a agredir a mulher. O que se tem por certo é que a criança terá partido um braço e a bacia e encontra-se internada no hospital.


         - Já se conhece a identidade e a motivação do criminoso que entrou numa mesquita no Quebeque e matou seis pessoas. Trata-se do estudante franco-canadiano, de 27 anos, aluno da universidade do Laval, que tem ódio aos muçulmanos e, diz a imprensa, adorava Trump e Marine Le Pen.