Sexta, 10.
No
comboio que me trouxe de Lisboa, em todos os bancos limítrofes àquele onde
vinha sentado, uma quantidade de jovens, raparigas e rapazes, zumbis agarrados
à prancha do smartphone, surfando por mundos desfraldados de vazio, em busca
daquilo que nunca os preenche nem satisfaz. Ligados ao mundo, com o mundo
desligado deles.
- Terça-feira, lendo o editorial do
Público assinado por Diogo Queiroz de Andrade, não resisti a enviar-lhe um
e-mail de reconhecimento. Como não resisto neste instante de transcrever esta
passagem que diz muito do jornalista que a escreve: “Os franceses que vão votar
na Frente Nacional não são fascistas, ou muito poucos o serão. Mas são, todos,
desencantados do sistema que gera líderes da estirpe do senhor Fillon. E isso
não é criticável.” Enfim, alguém que não tem medo de pensar pela sua cabeça.
- Brexit. Como eu previ e comigo
decerto alguns – poucos – mais, o Reino Unido vai encarar de cabeça levantada a
vontade do povo e nisso são admiráveis. A unanimidade da informação em
Portugal, subserviente e pouco informada, apontava para a pobreza, a falência,
o retorno dos ingleses às cavernas. Nada disso vai acontecer. Potência com
séculos de história e riqueza, soube sempre desenrascar-se em momentos
difíceis. De resto, inteligentes, estiveram através dos anos dentro da UE com
um pé de fora.