sexta-feira, fevereiro 10, 2017

Sexta, 10.
No comboio que me trouxe de Lisboa, em todos os bancos limítrofes àquele onde vinha sentado, uma quantidade de jovens, raparigas e rapazes, zumbis agarrados à prancha do smartphone, surfando por mundos desfraldados de vazio, em busca daquilo que nunca os preenche nem satisfaz. Ligados ao mundo, com o mundo desligado deles.

         - Terça-feira, lendo o editorial do Público assinado por Diogo Queiroz de Andrade, não resisti a enviar-lhe um e-mail de reconhecimento. Como não resisto neste instante de transcrever esta passagem que diz muito do jornalista que a escreve: “Os franceses que vão votar na Frente Nacional não são fascistas, ou muito poucos o serão. Mas são, todos, desencantados do sistema que gera líderes da estirpe do senhor Fillon. E isso não é criticável.” Enfim, alguém que não tem medo de pensar pela sua cabeça.


         - Brexit. Como eu previ e comigo decerto alguns – poucos – mais, o Reino Unido vai encarar de cabeça levantada a vontade do povo e nisso são admiráveis. A unanimidade da informação em Portugal, subserviente e pouco informada, apontava para a pobreza, a falência, o retorno dos ingleses às cavernas. Nada disso vai acontecer. Potência com séculos de história e riqueza, soube sempre desenrascar-se em momentos difíceis. De resto, inteligentes, estiveram através dos anos dentro da UE com um pé de fora.