Domingo, 19.
Não
estou só embora por escolha goste de estar só e não me importe de pensar pela
minha cabeça, equidistante dos emplastros colectivos ou partidários. O facto é
que, desossando o tema que tanta tinta tem gasto, encontrei alguém que pensa
como eu e não só pensa como o diz publicamente. Respigo do Público de hoje:
(...) “que um gabinete de advogados tenha redigido um decreto-lei (leia-se o
que escrevi sexta-feira, 13) para isentar a então administração da CGD de
entregar a declaração de património e rendimentos ao Tribunal Constitucional
constitui uma enormidade típica de uma república das bananas ou uma
Administração trumpista”. Quem assim fala é Vicente Jorge Silva. Eu limito-me a
dar-lhe o braço para juntos meditarmos sobre esta Pátria entregue a gente
esquisita, sem ideias nem ética.
- Ontem andei a jardinar pela Avenida
Luísa Todi. O tempo esteve apetitoso, um charco de sol seguia-nos para todo o
lado, o corpo quase não assentava no chão. Tinha lugar uma daqueles feiras de
brocantes que misturam tudo e mais alguma coisa e onde encontro invariavelmente
a Luísa e o António. Devido à contenção de despesas em que me encontro por
causa da prepotência da Câmara que acha que a água lhe pertence por direito
divino, não tinha outra intenção que passear e desfrutar do dia. Mas os livros
são mais irresistíveis que a lotaria nacional ou o euromilhões. Vai daí,
regressei a casa com Une jeunesse de
Patrick Modiano, Ô vous, frères humains
de Albert Cohen e Méditations
métaphysiques de Descartes.
- Quem não se lembra das celebradas,
durante semanas e semanas, escutas telefónicas ao Palácio de Belém atribuídas a
José Sócrates ou ao seu governo. Pois agora o “menino d´ouro”, investindo sobre
o ex-professor, ex-gestor, ex-economista, ex-presidente da República e não sei se
ex-excelência chama-lhes um facto histórico.
- Não quero deixar o Público. Não
quero e não quero, “prontos”! Na página 10 vem uma fotografia de três crianças
trajadas como as três videntes de Fátima, tirada em Londres, transportando a do
meio a coroa que coroou ontem, na Catedral de Westminster, a Virgem de Fátima
neste ano do centenário das aparições. A peça é em ouro e prata, elaborada pelo
meu amigo Jorge Leitão (já aqui falei inúmeras vezes dele), em Lisboa. Embora
ela tenha sido encomendada pelo Apostolado Mundial, Jorge Leitão decidiu
oferecê-la como já antes o pai ou o tio havia doado a primeira imagem da Virgem
que se encontra na Capelinha das Aparições. Espero que a generosidade da casa Leitão
e Irmão, ao Bairro Alto, sirva para ajudar os mais necessitados. A Mãe de Jesus
não tem nenhuma precisão de joias e já se tem prestado demasiado às loucuras
dos homens de barrete vermelho e dos políticos descrentes ou agnósticos.