Terça, 18.
Este ano, mercê do tratamento que fiz a
duas figueiras, tenho-me regalado com toneladas de figos que dou, como, faço
compota e ainda ficam doses consideráveis para os pássaros que espero não
arranjem nenhuma diarreia. Esta manhã, como o tempo esteve ameno, fui aparando
a sebe que vai aqui de casa ao portão. Trabalho difícil porque me obrigou a
levantar e a baixar um sem-número de vezes. Mas é um gosto ver o efeito. Em
consequência, estou com um ou dois quilos a mais. Não só devido aos figos, como
aos almoços que tenho tido fora de casa respondendo a convites vários.
- Pascal que faltou ao encontro no Nicola, apareceu no dia seguinte em
Madrid segundo me contou a Annie a quem a Françoise pediu me telefonasse a
obter razões. Nada tinha de novidades, a não ser a falta da sua presença sem
qualquer justificação. A Annie tinha-me prevenido que ele era especial, coisa
que eu sabia por já ter falado com ele algumas vezes e até almoçado em Paris. Achei-o
depressivo nas duas ou três conversas que tivemos ao telefone. Parece que é o
seu estado normal, atendendo à vida instável que a profissão de músico provoca.
- Os brasileiros desceram à rua aos milhares em várias cidades pedindo a
saída da presidente. A corrupção que já vem do tempo de Lula, não desarma e
arrasa transversalmente a sociedade política e financeira brasileiras. O que se
ouve refere milhões de milhões. A praga está por todo o lado, e é sustentada
pela democracia de que todos se servem e por uma justiça nem sempre à altura. Eu
tenho vindo a defender que a democracia tal qual é exercida, necessita de
grande transformação. Está minada por gente de baixa condição que se apropria
do poder montada na mentira, no concluiu e na passividade e cansaço das pessoas,
e depois invoca o voto popular para se agarrar aos cargos, esquecendo-se que ao
falharem os objectivos a que se propuseram, perderam a legitimidade.
- Na Tailândia dois atentados em dois dias sucessivos. Não se conhece a
origem dos crimes, mas o alvo parece ser o turismo. Morreram 20 pessoas e mais
de cem foram feridas. As explosões rebentaram no centro chique de Bangkok.
Visto a fragilidade das grandes estâncias turísticas europeias, parece que
Portugal tem usufruído da desgraça alheia. Pelo menos é o que os empresários do
sector em vez de ficarem calados dizem à boca cheia. Depois não se lamentem se
o mesmo vier a acontecer aqui.