sexta-feira, agosto 28, 2015

Sexta, 28.
É muito curioso ver a ambição dos aspirantes a políticos naquilo que os partidos definem por “Universidades de Verão”. Que mais não são que palanques oratórios para os anafados barões instalados e desejosos que as crianças não lhes tomem o lugar. Estas ainda mal deixaram os cueiros e já exibem os tiques, as fardas (é vê-los engravatados e em pose na sua idade), os ideais, as propostas, a postura e a ronha dos seus papagueados. Se esta é a geração seguinte, vamos ter que gramar os mesmos papagaios, os mesmos realejos, treinados no faz-de-conta e ensaiados desde cedo no submundo de uma classe que aprendeu a esquecer a honorabilidade, a honra, a verdade, a dignidade, fazendo do partido o clube mafioso onde tudo é permitido para alcançar o poder. 

         - Este mundo não está para conversas. Ou antes o desprezo pela vida humana atingiu um nível tal, que tudo e nada serve para a eliminar. Foi o que aconteceu, em directo, numa estação de televisão americana. O apresentadora e o cameraman foram abatidos enquanto apresentavam o programa. O assassino, um colega da estação, foi depois postar o vídeo nas redes sociais, e suicidou-se. Assim, limpo como água. 

         - Ontem passei uma boa parte da manhã a serrar lenha. Tinha para aí uma considerável quantidade de braços de árvores e troncos grossos, e decidi aproveitá-los para as lareiras. Na sequência, estou com os lombares feitos num oito. A Piedade que assistiu à operação, debitou sentença: “tem aí para várias noites”.

         - Almocei com a Conceição na Adega da Mó em plena Baixa. Antes tive que atravessar a choldra em que o centro se tornou com o turismo pé descalço a invadir tudo deixando os sítios num estado sem dignidade nem identidade. Almoço agradável, bem regado com vinho verde (a minha amiga é do Norte), bem conversado e saboreado ou não estivéssemos no lugar da velha e já saudosa cozinha portuguesa. Depois fui mostrar-lhe a sex-shop existente na zona e onde outrora a reinação era tanta - nada a ver com o sepulcro que encontrei. Ainda entrámos na fnac do Chiado e em mais uma ou outra loja para eu comprar o que me fazia falta. Despedimo-nos no Rossio sob calor abrasador, o vinho fazendo das suas nas nossas cabeças.