domingo, agosto 23, 2015

Domingo, 23.
A Igreja desde a Idade Média fez da remissão dos pecados o passaporte para a vida eterna redentora, para a salvação. Que pecados? Os dos sexo que são a base da sua doutrina capital. Quem pecasse por adultério, homossexualidade, masturbação teria uma morte assustadora e um fim nas profundezas do inferno. A igreja de S. Francisco no Porto, é disso o paradigma que assusta, afasta os espíritos menos pensantes, deposita nas consciências o pavor tenebroso de Deus. A tudo isto ela juntava, junta ainda embora noutra dimensão, o castigo e o sofrimento atroz, sem os quais a alma não se salvará, como se do outro lado nos esperasse Deus o juiz vingativo. Séculos foram corridos sob a batuta de uma instituição todo poderosa, que dispôs do destino da humanidade a seu bel contendo, esmagando-a e humilhando-a no pressuposto de um Além feliz. A vida na terra é uma passagem que deve ser vivida na subjugação de normas sinistras que a tornam já de si num inferno. Ajudar a humanidade a ser livre, a pensar pela sua cabeça, a entregar o coração ao largo da alegria e da felicidade, é recusar a salvação e entregar o destino ao abismo, apregoavam. Donne dizia que “todos devemos uma morte a Deus”. Eu estou do lado de Newman: Me and my Creator. E acredito que há mortes serenas, tendo a ver com o modo como vivemos e encaramos com naturalidade um fim que desde a nascença estava destinado a morrer ou a prosseguir noutra dimensão. A tortura da Cruz foi a opção de Deus por nós, para que fôssemos felizes na terra por ele criada para a nossa bem-aventurança. Um puro e sublime acto de Amor.