Quinta, 20.
A gente lê mas já não se espanta. Até porque tudo o que veio a lume nestes dois últimos dias, só pode ser culpa inteira da Ministra da Saúde. Assim, resumindo porque a escumalha deve ocupar pouco espaço nestas linhas, temos o nosso querido SNS numa completa rebaldaria que agora (como se antes o não soubéssemos) abriu as suas asas corruptas e oferece-nos o esplendor de crimes sobre crimes, abrangendo todas as classes com ele relacionadas: clínicos, enfermeiros, assistentes sociais... Ponho de lado os médicos prestadores de serviços que me espantou a sua derradeira vontade, falo do esquema da médica endocrinologista Graça Vargas e do seu companheiro advogado (encosto que lhe veio mesmo a calhar). Os dois (e outra médica) são suspeitos dos crimes de burla qualificada e falsidade informática. Quem a abordasse preocupado em emagrecer, sua excelência receitava os medicamentos próprios dos diabéticos: Ozempic, Trulicity e Victoza. A consulta custava 160 euros e teria de ser liquidada em dinheiro ou cheque, as seguintes 140 euros. Entre 2014 e 2025 o esquema defraudou o Estado, isto é, todos nós em mais de 3 milhões de euros. A PJ completará mais tarde o quadro triste deste roubo de que, naturalmente, teve a cumplicidade da ministra Ana Paula Martins.
- Nem a Ordem dos Médicos nem aquela senhorita que fala esganiçada em nome dos médicos, se apresentaram a censurar os colegas envolvidos neste e noutros roubos de que falarei amanhã. É claro para mim que a actual governante da saúde, sempre foi competente, tenaz, grande trabalhadora, honesta e não tenho mais adjectivos para a louvar e agradecer todo o aturado e persistente trabalho. Ela está a fazer limpeza à nojeira que vem da governação socialista e, por isso mesmo, a esquerda e a direita do brejeiro Ventura, exigem a sua demissão. Espero que varra os gatunos e gananciosos que engrossam o mundo político ultra-corrupto que nos contamina a todos.
- O pobre do Joaquim a quem faleceu há pouco tempo a mulher, teve que calcorrear a cidade do Corte Inglês onde estivemos a trincar coisas saborosas e decerto pouco aconselháveis à saúde, à Livraria Francesa. A distância não é longa, mas não sei o que me deu, que o arrastei para o metro e depois de me ter enganado a mudar de linha, de seguida a empreender um longo caminho, cheio de hesitações, sem falar nas estações de Metro com elevadores, escadas rolantes, tudo em desuso, num marimbando divino para os passageiros que pagam cada vez mais caras as viagens. O Metro é o retrato fiel dos serviços públicos.
- Acendi a lareira pela primeira vez este Outono. É aqui, diante do fogo sagrado, que iniciarei as 1200 páginas de Toute Ma Vie de Julien Green.