Segunda, 13.
Entrei na sala onde estavam reunidos os escrutinadores: duas mulheres, um homem com um nome estrangeiro, uma rapariga e um rapaz. Uma das criaturas olhou-me assim que entrei, acompanhou-me com o olhar até à cabine secreta, e quando voltei para depositar os três votos onde estava selecionado João Ferreira, ela não tirava os olhos da minha pessoa. “Está a reconhecer-me de qualquer lado?” Ela acenou com a cabeça que sim. E eu: “Não sabe quem eu sou, mas também não lhe vou dizer.” “Tenho a impressão que o leio com frequência”, respondeu já nas minhas costas quando eu apressadamente saía da sala.
- O PSD parece que ganhou em todas as frentes. Ainda bem que Luís Montenegro corrigiu a boutade segundo a qual 2.300 euros é uma renda demasiado alta ao contrário do que havia dito e escrito. Salvou-se do trambolhão. Assim, durante algum tempo, fui acompanhando as apostas dos portugueses e os comentários dos comentadores. Aquilo parecia que estava tudo bêbado. Todos falavam do Chega, da sua implementação em todo o território, dos perigos que daí viriam; mas o que os quadros que íamos vendo no ecrã nos mostravam, era a não existência de votos no partido de Ventura. Com efeito, o próprio se auto-flagelou, ao admitir que os sonhos e as loucuras não se concretizaram e até havia recuado para terceira força autárquica. A primeira é agora o PSD, os socialista, coitados, ainda estão a sofrer da conduta de António Costa e do seu sucessor esquerdista, Sr. Nuno Santos. Não se levantarão tão depressa. Os pequenos resquícios partidários que se juntaram ao PS, foram literalmente liquidados. E penso que até foi por isso que o Partido Socialista sofreu a debandada de eleitores. Quem é que confia numa ninhada de tontos que tomam a actividade política por algo chique, à moda dos anos Sessenta, como se Salazar ainda estivesse em S. Bento. Todavia, para mim, uma vez mais o que me inquieta é a abstenção: 40,7%.
- Fui votar, mas antes comprimi um maço de algodão nos ouvidos para que não chegassem de novo as palavras de Marcelo Rebelo de Sousa que nos incentivou a votar a pensar nos 36 mil milhões que aí vêem de Bruxelas. Que idiotice!