sábado, outubro 25, 2025

Sábado, 25.

Ontem, depois de ter escapado à fé ideológica do João que quando tem companhia refina, fui sentar-me na Fnac e avancei em correcções até à página 100 do romance. Ainda me resta muito trabalho pela frente, e a parte final nem escrita está. Mas o que releio, humilha-me enquanto criador de uma vida (a de Ana Boavida), porque a fantasia, mesmo numa obra romanesca, corre trás da realidade. É por isso que considero estas discussões, este estar numa esplanada em conversa, deixando o tempo disperso por temas efémeros, realidades sem fundamento ou sendo fundamentadas não têm a consistência da ciência porque cingidas a dogmas políticos, uma pura perda de tempo, um desgaste emocional inútil, de que não sinto precisão absolutamente nenhuma. 

         - Nem a propósito. No jornal da noite da SIC, vi-me a comparar o Ventura na forma de falar, malbaratar as palavras e as ideias, a tentativa demagógica de impor os seus projectos políticos, à maior parte desta gente dita de esquerda. São os mesmos ímpetos, as mesmas verdades, o fogo que incendeia e tolhe os adversários, as certezas que são dogmas morais vinculados a posições extremadas. Como se não houvesse mais concepção da vida humana fora dos seus princípios formatados em certezas sociais que o século XIX concebeu e agrilhoaram durante todo o início do século XX povos inteiros,  reduzindo-os a meros escravos de uma classe de ditadores de onde saíram Putin, Xi, Castro, Pol Pot, Jong-un para só citar os que tiveram na ruína marxista-leninista a fé dos seus princípios ideológicos e sociais. 

         - Ontem foi dia de greves na função pública: médicos, funcionários das autarquias, professores, enfermeiros e passo. São as famosas greves de fins-de-semana às sextas e segundas-feiras. O egoísmo desta gente, que está às ordens dos sindicatos que por sua vez estão sob a pata dos partidos, que reclamam aumentos salariais e benesses de toda a ordem, quando ganham o dobro do resto dos portugueses, é intolerável e tem que acabar. Tem? Não, não tem. Porque o país está tão desorganizado, constituído em guetos de malfeitores, gananciosos e desumanas criaturas que nenhum partido democrático poderá alterar aquilo a que as esquerdas chamam “os direitos dos trabalhadores”, entenda-se os da função pública. Os sindicatos que os defendem a eles e nos atacam a nós, milhares e milhares de portugueses que estão reduzidos a simples pagadores de impostos.