quarta-feira, outubro 08, 2025

Quarta, 8.

Ontem, tendo ido a Lisboa tratar de um assunto, desci em Entrecampos e fui ao centro comercial do Saldanha a pé. Lugar onde não entrava há muitos anos e o que vi horrorizou-me. Por todo o lado, instalou-se a vulgaridade, o salve-se-quem-puder, o mau gosto, a vida envolta na trapalhada do dia-a-dia. Talvez os mais novos não se dêem conta, crescidos neste marulhar sem sentido, empurrados pelas exigências do consumo, onde o rigor, a observação, o bom gosto não é recomendado. Um entre os demais, jamais um enquanto ser com primazia e sentido do valor fundamental da vida. 

         - Luís Montenegro apropriou-se da governação António Costa. Em poucos meses, pôs de lado o rigor, o equilíbrio, a sagesse. Ficou desonesto, do tipo banha-da-cobra, prometendo tudo num jogo de poder que se igualha a toda a mediocridade que nos tem governado. Lamento dizer isto, mas a sua pessoa e o modo como se tem apresentado ultimamente, equiparou-o a toda a ralé política que pretende representar-nos no imediato, para nos enjeitar no futuro.  

         - A “revolucionaria” que comanda as hostes esquerdistas do BE, regressada da grande aventura palestiniana, queimada do sol, cheia de orgulho pelo gesto inútil e infantil que empreendeu, pensava que seria eu e os portugueses que pagam os seus impostos com língua de fora, deviam pagar os custos da façanhice. Enganou-se. É ela e os seus afilhados, como lhes compete, que liquidarão os montantes da  propaganda que andou a fazer por lugares sagrados de tanto sofrimento. 

         - Ontem passaram dois anos e 67 mil mortes, sofrimento, dor e miséria para dois milhões e meio de palestinos. A guerra que Israel iniciou, transformou-se numa banalidade onde o ser humano foi reduzido a coisa nenhuma, um estorvo entre as ruínas em que a Faixa de Gaza se transformou. Não auguro nada de bom para a tratado de paz de Donald Trump. O cheiro a negócios paira sobre os túmulos dos que perderam a vida numa guerra onde os habitantes não possuíam armas e apenas lhes restava a fé em Alá. Como não esqueço as vítimas do HAMAS, a sua dignidade ao afirmarem que não querem nem nunca quiseram vingança, mas que Netanyahu para salvar a pele prosseguiu até à derrota final, aquela que não venceu nem vencerá e terá que se vergar a implorar a paz aos seus algozes. 

         - Tempo moche. Sem poder mergulhar, entreguei-me à leitura. Findei Pascal. O sexo e as suas implicações em Deus, nortearam o escritor até ao fim da vida. Libido, sentienti, libido sciendi, libido dominandi – eis a base da doutrina pascaliana: a carne, o espírito, a vontade que foram as preocupações também de S. Paulo.