terça-feira, dezembro 05, 2023

Terça, 5.

Para se ter uma ideia do mundo actual e do perigo catastrófico que corremos, basta olhar para o comportamento dos que o governam. A moda, enterradas as ideologias, é combater as alterações climáticas, a redução dos combustíveis fósseis e assim. O summing up das múltiplas reuniões, os gastos monumentais com as mesmas em deslocações de avião, carros, barcos, hotéis, e toda a parafernália logística, em vez de melhorar o Planeta, contribui para que seja mais poluído com a quantidade de CO2 emitidos por aqueles que o dizem defender. Depois, sobram as conveniências do mundo político dos nossos dias, onde todos se combinam para a desgraça. O caso do Sultan Al Javer, presidente da COP28, é disso paradigmático. O homem é diretor executivo da petrolífera estatal da Abu Dhabi Nacional Oil Company, portanto com interesses e negócios à altura e não gosta de ser questionado por alguém dos países democráticos e responde com arrogância e poder deste modo: “Não existe nenhuma ciência nem nenhum cenário que diga que a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis (lá está) é o que vai permitir atingir 1,5 C de aumento da temperatura média global.”  Pergunta-se, como pode uma cabeça destas, estar à frente de um encontro que quer obrigar os países a tudo fazerem para proteger a Terra. Mais: o Centre for Climate Reporting, com a BBC, revelaram que o mesmo Al Javer tinha planeado uma série de encontros à margem da cimeira para negociar alguns acordos de novas explorações de gás e petróleo. Dá para confiar nesta malta? Não dá. E na volta quem se lixa são sempre os mais frágeis que precisam, por exemplo, do carrito para ir trabalhar, enquanto a grande indústria disto e daquilo, prossegue na obsessão do consumo e dos lucros daí resultantes. 

         - O ciclo de António Costa (desculpem insistir) foi um pandemónio como nunca se viu em democracia. A nulidade da excelência e seus acólitos, a arrogância, o gozo do poder com desprezo absoluto pelas pessoas, a falta de coerência nos gastos, a propaganda de feira todos os dias no ecrã de televisão; enquanto a retaguarda, o país real, estava abandonado à sua sorte, ao abandalhamento das estruturas médicas, de ensino, habitação, administração pública, transportes vivendo aos trambolhões deixados para trás. O reflexo dessa não política, está por todo o lado. Mesmo aqui proliferam de súbito casas-barracas, os pequenos terrenos onde mal cabe uma tenda, ocupados para levantar quatro paredes cobertas por um tecto manhoso, como aqueles que eu vi nos anos Setenta no bidonville de St. Denis, em Paris, quando lá fui fazer uma série de reportagens para o jornal A Capital. Tudo serve para sacar um punhado de euros e nem a Câmara escapa por em vez de travar o desastre, toma o seu tempo, deixa crescer o monstro e depois aparece para aplicar a multa e deixar prosseguir a obra. Mas há mais: aqui, alguns proprietários de vivendas com garagem, decidiram alugar o sítio do automóvel por seiscentos euros/mês e há até o caso de um sujeito que comprou um autocarro e o transformou para residência dos que não querem dormir na rua. Obrigado, António Costa. Se te resta algum gomo de socialista, pede desculpa ao país e vai à tua vida. Esfrega-te nas poltronas em Bruxelas, incha de orgulho, lava-te numa banheira cheia de notas de banco, refresca-te com champanhe francês que eu, mesmo não gostando de aguardente, vou-me emborrachar todas as noites com ela...