segunda-feira, dezembro 25, 2023

Segunda, 25.

Marcelo voltou à carga com a história das gémeas brasileiras - quanto mais se defende mais se enterra. Ninguém imagina como estou farto dos seus pareceres a propósito de tudo e nada, que se me tornou insuportável ouvi-lo.  

         - Percebemos melhor as razões que levaram o Papa Francisco a designar para bispo e patriarca de Lisboa D. Rui Valério em detrimento do bispo de Setúbal D. Américo Aguiar. Basta escutar o discurso de um e outro nesta quadra natalícia, para se perceber ao que cada um vem. Não é por acaso que Marcelo se foi ajoelhar na igreja de Setúbal à Missa do Galo. O beato Marcelo entende-se às mil maravilhas com o santo Américo Aguiar – ambos comungam da vaidade própria dos infelizes solitários. Por mim não quero a bênção nem de um nem de outro - satanás passeia com os dois.  

         - Quando me desloco de carro, inevitavelmente ouço a rádio. E o que escuto por estes dias, é uma avalanche incrível de canções de Natal compostas expressamente e à pressa pela chusma de cantores saídos dos concursos televisivos. Que tristeza! Que poemas pelintras, para infelizes, analfabetos e pobres de espírito! O curioso é que toda esta harmonia embrulha no mesmo doce encanto os ditos jornalistas, homens da rádio e da televisão. Está tudo em sintonia com a pobreza de espírito que alastra alegre por todo o país.

         - O último legado do PS foi a morte de uma grávida estrangeira. Alheio a tamanha desgraça, Marcelo veio mais uma vez elogiar Costa, propondo-o para presidente da União Europeia. Que susto! 

          - Quem não se recolheu em oração a festejar o nascimento de Jesus, foram os americanos e os judeus. A aliança EUA/Israel para a conclusão do genocídio palestino, não parou nunca. No dia 24 os bombardeamentos não foram suspensos e mais umas dezenas de palestinianos foram mortos. Só um ataque aéreo matou 76 membros de uma mesma família. Horror! Horror! 

         - O novo título para o romance que nestes últimos tempos me obceca: A Outra Face de Ana Boavida.  

         - Por estes dias frios de Dezembro, é à lareira que remurmuro nas tardes lentas e noites sem fim. Que conversas! Que entretenimento comigo, soltando fantasias, memórias, viajando por lugares hoje inacessíveis, num diálogo com as chamas que mesmo quando repousam nas brasas, continuam a aspergir momentos inolvidáveis de serenidade!