quinta-feira, dezembro 21, 2023

Quinta, 21.

Eu quando tenho paciência para ver os noticiários portugueses, sintonizo a SIC e no canal os comentários de José Milhazes e Nuno Rogeiro sobre a guerra na Ucrânia. Faço-o porque detesto a TVi e a RTP1 porque não suporto aquele jornalista esganiçado, que me pisca o olho como se me estivesse a engatar, ele que não faz o meu género. Contudo, a impressão que por vezes Rogeiro me dá, é a de estar ao serviço dos Estados Unidos. Prefiro mil vezes Milhazes, embora ele não tenha o dom da palavra, nem seja abonecado, mas possui a verdade como algo natural, sem floreados nem arrebites linguísticos. Os temas são o que são e de quando em vez incendiados por afirmações e naifadas certeiras que cortam a eito, sem cerimónias nem medos. O outro é um género muito meu conhecido, politicamente correcto, medindo as palavras, pesando-as até, por medo dos muitos medos que o banham. Nada nele é espontâneo, tudo é pensado tendo o pensamento centrado na sua imagem e na dos outros. Todavia, nem um nem outro, alguma vez referiram as grandes manifestações das mães ucranianas, cada vez em maior número e frequência, contra os dois anos de ausência dos maridos na frente de batalha. Elas reclamam de Zelensky não o fim da luta pelo seu território, mas a substituição por outros mancebos de modo a que os pais e maridos possam descansar e estar com as famílias que há dois anos não vêem.   

         - Julgo que foi Teresa de Sousa que incitou os seus leitores a revisitarem a propósito do estado da Europa face à perda da guerra pela Ucrânia, a ler O mundo de Ontem de Stefan Zweig . De facto, está lá tudo o que contribuiu para a Segunda Grande Guerra e lê-lo é dever de todo o cidadão consciente. Por mim já o li umas três vezes na minha velha edição da Livraria Civilização. Eis um excerto (pág. 94) para se perceber o que era o socialismo já nessa altura: “O primeiro destes grandes movimentos de massas que surgiu na Áustria foi o movimento socialista. Até essa data, o direito de voto, falsamente considerado como “universal”, era apenas concedido aos ricos (portanto os socialistas, digo eu), aos que pagavam determinada cifra de impostos. Os eleitos por essa minoria privilegiada advogados (lá está) e grandes proprietários, acreditavam sinceramente que eram no Parlamento os verdadeiros representantes do “povo” (os comas são do autor). “ O que se segue e aconselho vivamente a leitura e a oferta para o Natal, reflete muito do que nos nossos dias vemos, ouvimos e lemos, da boca desta gente quase um século depois nos governa. A obra é simplesmente fascinante. Há várias traduções no mercado. (Como verificam não digo como o amador que ganhou as eleições no PS, há várias traduções a esta parte...)