terça-feira, abril 25, 2023

Terça, 25.

Comecemos pelo dia “25 de Abril Sempre”. Não assisti a nenhum bocado das encantadoras cerimónias que antecederam a estada de Lula da Silva no Parlamento, nem às celebrações que tiveram lugar depois do anafado presidente do Brasil sair, não estou por isso em condições de emitir comentário nem isso me interessa, até porque estive a trabalhar e no duro. Todavia, não deixei de dar uma olhada aos jornais que destacavam o que disse o presidente da Assembleia da República o garboso senhor Santos Silva. O esbraseado senhor, dirigindo-se ao Chega, atirou: "Chega de insultos, chega de envergonhar o nome de Portugal." Não sou apoiante do partido, mas sou ferrenho defensor da democracia. E neste particular, acho que Ventura tem razão em se manifestar e não se deve submeter às imposições partidárias do presidente da Casa do Povo.          

         - Até porque a Democracia não é abrigo da realeza. O que se passa com a maioria que o PS tomou como autoridade suprema, há muitos anos que foi subvertida pelos sucessivos governos socialistas e social-democratas e por aquela coisa chamada “gerigonça”. Reside na cabeça pouco dilatada desta gente, que a ditadura é coisa do passado e, se alguém intentar pô-la em acção, logo o Exército da UE virá em nosso auxílio, ainda que todos saibam que tal ajuda não existe e mesmo existindo não arriscará. Porque os festejos dos 49 anos de Abril entre os políticos, escondem a realidade nua e crua do país real: 3 milhões de pobres (na recente esmola dada por Costa, foi, justamente, esse o número de famílias beneficiadas), o estado da saúde, da habitação, do ensino onde ainda ontem se ouviu gritar “estamos em ditadura”, a indiferença do PS face às pessoas, o dizer hoje uma coisa para a desdizer no dia seguinte, sem vergonha nem pejo, a fossa entre ricos e pobres, o abandono dos jovens à sua sorte, o péssimo trabalho na utilização de fundos da UE, muitos deles perdidos por incompetência dos técnicos e do Governo, etc., etc., etc..  

         - Medvedev, que andou anos a dançar o vira das cadeiras do poder com Putin, disse que “estamos na iminência de uma nova guerra mundial”. O homem é pródigo em asneiras e ameaças. A prova de que a guerra faz bem a tipos como ele, está no facto de os oligarcas russos terem enriquecido muito mais nestes dois últimos anos de guerra. 

         - Já agora, cito as declarações do embaixador da China em França, referindo-se à “operação especial”: “Não há nenhum acordo internacional que materialize o seu estatuto de países soberanos", referia-se à Ucrânia e à Crimeia, acrescentando: "Depende da forma como se olha para este problema. Há uma história. A Crimeia foi da Rússia no início. Foi Khrushchev que deu a Crimeia à Ucrânia na época da União Soviética". Isto foi uma bofetada nas aspirações de líder Macron, que andou em bicos de pés a convencer Putin e, recentemente, na China a pregar em nome pessoal, mas com as costas quentes de Bruxelas. Felizmente, a extraordinária senhora Ursula von der Leyen, estava a seu lado para o pôr na ordem. A ambição do pequeno homem, é maior do que a sua estatura política. 

         - Ontem, depois da natação (gratuita por ser véspera do 25 de Abril!), fui ver a Teresa Magalhães ao Curry Cabral. Ela arranjou uma pneumonia (pelo menos é assim que os médicos definem), sendo que em realidade ela obrou para dentro em vez de o fazer para fora como é natural. Esta operação fez com que os pulmões tivessem sido atingidos e desordem física e mental se degradasse ainda mais. O lar leva-a para o Santa Maria e dali para o hospital onde estes problemas são tratados com eficiência. Encontrámo-la – João e eu – numa enfermaria cordata, na companhia de mais três doentes, num ambiente que me agradou, sereno e cuidado, entubada, a soro fisiológico, sedada e calma. Não sei se nos conheceu, sei que a vi com melhor cara, e, naturalmente, mais calma e sem berros. No entanto, o enfermeiro com muito bom ar e bonito, moderno, com uma enorme tatuagem no braço direito colorida, disse-me que de noite ela fica muito agitada, clamando pela avó. Expliquei-lhe o que isso significava, pois eu próprio a primeira vez que a ouvi gritar pela avó, me impressionei. Intui mais tarde que a “avó” era a senha que permitia a cada uma dos acamados, chamar pela funcionária. A residência chama-se Lar da Minha Avó. Daí que seja mais fácil chamar deste modo, que fixar o nome de cada funcionária. O enfermeiro disse que ia reportar a questão ao médico. 

         - Retenho ainda o magnífico recital de Pavarotti no Central Park, retransmitido pela ARTE domingo passado. Puro acto religioso.