domingo, abril 16, 2023

Domingo, 16.

Sexta-feira almocei no C.I. com os Coutos, pai e filho. Fiquei, por assim dizer, emparedado entre dois socialistas. Temia o que daí viesse, tendo em conta o estado actual do país gerido pelos do partido de ambos e ainda o facto de não estarmos juntos há algum tempo. Mas, não. Tudo correu como nos velhos tempos, a amizade e até uma certa familiaridade, a trazer para o momento os bons e saudáveis tempos de sempre. De política quase não se falou, Couto um pouco alheado; André com resquícios do cargo público que teve conquistado por voto autárquico. Falou-se do aumento de impostos, e logo ele reagiu corrigindo (tentando) a minha opinião onde senti o mesmo ímpeto do Corregedor e que eu conheço tão bem. Na despedida, não pude deixar de desabafar: “Isto não é governo nenhum, é uma desbunda.” E ele, lesto: “É exactamente isso.” Shake hands, André. 

         - A importância que o PCP e BE estão a dar à vinda de Lula da Silva, devemos agradecer à taralhoquice de Marcelo quando lhe dá para arrancar sem pensar com propósitos inconcebíveis que enchem o bazar político de animação. As teorias do pobre homem sobre a guerra na Ucrânia e outras quejandos, são coincidentes com as dos comunistas: a Crimeia pertence à Rússia, ainda que esteja em terra ucraniana que, por sua vez, todo o território é domínio russo. Se assim for, Lula da Silva e Paulo Raimundo, festejarão na embaixada da Rússia o fim da guerra com vinho de champanhe.

         - Fui à missa à igreja do Bonfim. Felizmente plena, com fiéis que pensam pela sua cabeça e não se deixam arrastar na massificação da tristeza pedofilia. Eles não confundem uns quantos sacerdotes que maltrataram crianças com o todo. Pena que o celebrante não leia o seu colega Bento Domingues, que aconselha (e bem) que a homilia não passe do quarto da hora. Quando assim é, como hoje, as repetições são mais que muitas, ficando a impressão que o padre gosta de se ouvir. Quanto a mim, estive aéreo durante toda a cerimónia. Infelizmente. 

         - Há uma semana que comecei com as regas. Mais um detalhe a acrescentar aos afazeres quotidianos que aqui nunca faltam. Tempo magnífico, tudo renasce, tudo se levanta do chão do Inverno, tudo suplica a nossa atenção e o nosso amor. Apetece gritar: hossana!