sexta-feira, abril 28, 2023

Sexta, 28.

Não temos governo há muitos meses. Se não estivéssemos sob o domínio do professor de António Costa, o Executivo já tinha há muito tempo ido à vida. Não me lembro de nada semelhante, todos – ministros, secretários, sub-secretários, directores disto e daquilo, incluindo primeiro-ministro e presidente da Assembleia – de uma mediocridade, jactância e soberba confrangedoras. Convenceram-se que a maioria que o povo lhes deu e já se arrependeu, permite-lhes a pouca vergonha da TAP, a corrupção como nata subterrânea que unta todas as acções de uma viscosidade tenebrosa, a indiferença ao povo, penso nos professores que estão em greve há mais de meio ano, aos médicos e enfermeiros, a todos aqueles que trabalhando não ganham para ter uma casa, nos reformados que foram transformados em pelintras sem dignidade nenhuma, em todo o tecido social que se degradou a olhos vistos. E vem agora o ministro das Infra-Estruturas, todo pimpão, ele que é dos mais incompetentes e vassalo do partido, orgulhar-se de ter  exonerado o seu adjunto “por comportamentos incompatíveis com os deveres e responsabilidades inerentes ao exercício das suas funções num gabinete ministerial”. Quando se sabe que houve, de facto, reunião na véspera da audição parlamentar entre o PS, os assessores do Governo e a presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener. Era o Governo em bloco que devia ser exonerado. 

         - Fui à Brasileira, mas não devia. Discussão entre o António e o João que nada tinha de política, mas que o Corregedor logo deu a volta e, sem deixar espaço à contra-argumentação, foi por ali fora sem que ninguém o interrompesse. Eu entrei porque me irrito com aquele volte-face típico nele, misturando tudo, de modo a que fique a cantar de galo, cheio de importância, rotulando os outros de ignorantes, saudoso dos debates sem interesse absolutamente nenhum da Assembleia da República. A dada altura, atira: “Meu caro, tudo é política”. Ante uma frase feita, não há inteligência que resista. Vou acautelar-me: se o António ao desafiar-me para aparecer falar também a ele, não compareço. Dou-me bem com ele, mas estamos politicamente a léguas de distância.  

         - Preciso deste silêncio, dos dias compridos, do vazio cheio que surge de cada minuto, onde me estatelo para me reencontrar e renascer íntegro para a vida. Non sum qualis eram. Oh, caro Horácio!