quinta-feira, abril 06, 2023

Quinta, 6.

Por que razão não me ouviram? Há anos que venho aqui desvendando a forma de governar socialista e os apetites dos seus militantes-governantes pelo foro das finanças e dos negócios. A telenovela TAP é um dos muitos empreendimentos que tanto gozo deu a António Costa destruir e nela investiu a ideologia barata que a liquidou e nos pôs a todos mais miseráveis. O modo displicente, arrogante, que eles condenam aos capitalistas, foi em todo o processo da TAP aplicado com pompa e circunstância, como se depreende do inquérito parlamentar em curso. Outro elemento que aparentemente parece ser falso - refiro-me à pressão de Hugo Mendes, secretário de Estado das Infra-estruturas, socialista, naturalmente, sobre a CEO (oh, também tu!) para que aceitasse mudar o voo de Marcelo “que é o nosso principal aliado político” no seu regresso de Maputo – é mais uma prepotência socialista contra os 200 passageiros que viajavam no avião desse dia. A senhora, enquanto presidente executiva da companhia, recusou por respeito e consideração dos viajantes. Mas há mais. O deputado socialista Carlos Pereira, que faz parte da comissão parlamentar à TAP, na véspera de a senhora Christine Ourmières-Widener ir ao Parlamento, esteve a coordenar directivas com ela. Esta mixórdia política, não termina aqui. Alexandra Reis, com aquele seu ar bonito e serena de freira no activo, disse que podia ter renunciado “sem contrapartida” da TAP; diz-se também que a CEO (outra vez!) quis pôr na rua o motorista por ele ter falado em uso de carro da empresa por familiares; entre tanta outra marmelada que atesta o desempenho do ex-ministro da ala esquerda do PS e agora deste que lá está fazendo figura de pateta. Se António Costa fosse de facto primeiro-ministro de Portugal, esta cambada toda devia ser julgada por traição aos portugueses e utilização indevida dos seus dinheiros, e o seu sacristão e o do brinco na orelha esquerda, demitidos. Os que lhes deram a maioria, que os suportem. Marcelo Rebelo de Sousa, quer-me parecer, que também não é alheio a este desnorte. Depois admiram-se que o Chega suba exponencialmente nas próximas eleições. 

         - O executivo de Costa, andou a sornar e a propagandear durante sete anos e o resultado está à vista por todo o lado. Portugal viu passar os dinheiros que a UE nos davam para reestruturar as CCDR (Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional). Incumpriu todos os prazos, deixando para trás o reenquadramento dos serviços que mais tarde serão transferidos para as regiões. Há competência num governo destes? Não há nem pode haver, porque todo ele responde ao partido e à obsessão pelo poder.  

         - Anteontem fui com o João visitar a Teresa Magalhães. Que tristeza! Já não nos reconheceu e todo o tempo que lá estivemos, esteve sempre aos berros. Aparentemente, não tem dores – à excepção daquelas que murmuram e agitam no seu cérebro. Vim para casa a pensar. Na saleta estava uma mulher e um homem. Este dormitava, aquela mastigava com os dois únicos dentes um pedaço de pão. De todas as vezes que lá fui, nunca vi uma só visita e o prédio de três andares é todo ele um lar. À senhora que eu não percebia o que dizia, perguntei se costumava sair, ir ao café em baixo. Não sei se entendeu a pergunta, porque a resposta foi interminável e quando íamos no corredor ainda estava a responder-me. Um fim assim que Deus nos leve. Porque o tempo que ali começa até ao fim, é já um tempo fora do tempo, um mundo enfiado noutro mundo, uma espécie de antecâmara que só eles conhecem os contornos. Sem lucidez, estamos à mercê da solidão da morte; com lucidez experimentamos o amargo antecipado da despedida. Para os que acreditam na salvação, na ressurreição, pode ser um período onde a esperança se junte à alegria de enfim ficarmos frente a frente com Deus. Neste sentido a morte pode ser vivificadora. 

         - Acabei o trabalho a arroste da casa e avancei para o interior da quinta a roçar a erva daninha debaixo das figueiras. Piscina. Na tarja estava uma mulher e um homem. Ela fazia costas, ele dava saltinhos sempre no mesmo sítio. A dada altura ela sai e ao sair, diz: “Boa Páscoa, querido.” Olhei em volta à procura do “querido”, os óculos embaciados. Quando os tirei, ouvi: “É para si, boa Páscoa, querido.” Bah! Só me aparecem duquesas.  

         - A SIC informava os espectadores que as trotinetas foram proibidas em Paris e acrescentou que só na Cidade Luz tal aconteceu. Ignorância. Há muito que o Canadá e Barcelona as interditaram. Em Lisboa só acontecerá quando por todo o lado forem proibidas.