Sexta,
13.
Se a
campanha eleitoral tem decorrido dentro dos padrões civilizados e longe das
arruaceiras de outros tempos, é graças ao nível, à educação, a justeza das suas
intervenções, ao equilibro, à elegância, à excelência de carácter de um só
homem – Jerónimo de Sousa. Fora ele, é só chinelo. É para ele que vai o meu
voto a 6 de Outubro.
- Hoje aqui foi um dia vibrante.
Quando a Piedade chegou, perguntou: “Eles andam a dizer que vamos ter um dia
muito quente, mas eu acho que já tivemos calor a chegar aos 40 graus e não se
ouviu tanto barulho, não acha? Tem razão, Piedade. Estou de acordo consigo, mas
não se esqueça que estamos em campanha eleitoral.” Depois ela atacou a muda da
cama, a limpeza dos quartos, a cozinha... enquanto eu cortava os saiotes às
palmeiras grandes que resistiram à pragas e às Uikas que são palmeiras anãs,
plantava uma série de alfazemas em torno da piscina, regava, tudo com alguma fartança
dado que amanhã terei de sair cedo para estar o dia todo em Caldas da Rainha.
- Pode o Governo do Mágico fingir que
nos protege, que eu continuo a afirmar este Verão foi dos melhores de que tenho
memória. Nunca nadei tanto e tão afincadamente, a água sempre cristalina,
quente qb, sob o céu azul imaculado, os fios quentes do Sol a descer em fagulhações
sobre este espaço abençoado, o vento encrespando-se ao pôr-do-sol, as folhas
acastanhadas a descer das árvores num pregão antecipando o Outono, as leituras
deitado na chaise longue, a pele
tisnada sob a macieza translúcida da capa que a envolve, a quietude a abraçar o
campo, nivelando as vozes que do longe me chegam para se unirem a mim na
ternura branda das vibrações do dia quando a noite docemente se instala. Pax in terra hominibus bonae voluntatis.
- A escumalha, sim, escumalha que nos
tem governado, não merece da minha parte nenhum respeito. Até aquele que se
especializou a despedir pessoal por onde tem passado e ganha a dirigir um banco
50 mil por mês, até esse está enrolado em esquemas de corrupção para enriquecer
o “ilustre” Pinho, aquele que pôs chifres na Assembleia Nacional. Mas não quero
emporcalhar um dia que foi luminoso, protegido pela Virgem Santíssima, com histórias
que os portugueses não mereciam conhecer e, sobretudo, experienciar. O João Corregedor
diz-me que não devo generalizar; então que ele me indique dois ou três políticos
sérios. Se foi para isto que se fez o 25 de Abril, que venha um 26 que ponha
esta gentalha toda na prisão. Rapidamente e “em força”.
- Se me é lícito aventar um resultado
para as eleições de Outubro, direi que é mais uma vez a abstenção que vai
vencer. Os dados estão lançados... pelos que nos governam.