domingo, setembro 15, 2019

Domingo, 15.
Este registo arrisca-se a ser o relatório de um tempo de assassinos da democracia e dos direitos dos povos ao competente e honesto exercício do poder por eles legitimado. Quando não existem associações corporativas, logo se criam outras na forma de máfias onde estão todos aqueles que traficam influências, roubam, mentem, rapam do tacho do poder, conhecem os podres de uns e outros, de modo que no final quem fica a perder são os cidadãos e o regime político que defende a liberdade e fica em risco com esta espécie de malfeitores que se está nas tintas para a democracia. Gente mal formada de origem, sem princípios morais, montada em esquemas alimentados em muitos casos pelos seus progenitores, também eles obcecados pela riqueza fácil, a cunha, o relacionamento pessoal que não prestigia o filhinho querido, antes o atira para a fogueira de vaidades e corrupção que de todo não o faz o homem honrado, ao serviço da comunidade, nem tão-pouco o político lúcido em quem se possa confiar. Veja-se o mais recente caso do desembargador Rui Rangel. É tão porco que me limito a pedir aos leitores que leiam o artigo de Francisco Teixeira da Mota, também ele advogado e cronista que muito aprecio, de sexta-feira,13

         - Nunca tinha visto o pequeno mercado das Caldas da Rainha como ontem o vi. As pessoas atropelavam-se, com um crescendo de franceses de meia-tigela, daqueles que falam alto, exibem grandes mamas déspotas, elas, e arrogância saloia, eles, à mistura com um mundo antropologicamente bizarro, indefinido, ou seja, igual a qualquer outro, sem identidade nem características locais, um mundo de alguma forma híbrido onde parece estarmos a mergulhar risonhamente. Fiz algumas compras e desandei, telefonando à Alice que me veio recolher no cimo da praça que sofreu obras de beneficiação e me pareceram correctas. Calor sufocante por todo o lado.


         - Mas no salão da minha amiga estava-se bem, fresco, paredes imaculadas onde ressaltavam obras de arte: pintura, escultura, pequenos objectos de vidro, cerâmicas e assim. Em torno da mesa de jantar, éramos quatro comensais, tagarelas até dizer chega, cercados da simpatia dos donos da casa, que se estendeu sem darmos por isso até às quatro da tarde. Sem tempo desta vez para ver os jardins, rumámos, urgente, vite ao museu Malhoa para a vernissage da exposição de pintura do António Carmo – motivo que me levou à cidade de Bordalo Pinheiro.