domingo, setembro 08, 2019

Domingo, 8.
Gostava de acabar de tricotar no Juiz Apostolatos antes de partir para Paris. Mais a mais porque não devo levar pesos excessivos como as trezentas páginas do manuscrito. Mas tudo está contra mim: disposição, confiança, idas quase diárias a Lisboa, desinteresse total, caetera. Este ano sinistro do ponto de vista criativo, como não me lembro de outro igual, deixou-me nos limites da desistência, no terminus de um mundo onde apenas espreitei sem ousar entrar, a porta fechada com estrondo na figura da avidez. Vivo numa concha de desespero brando, escondido num pauis de neblina.

         - O Papa esteve em Maputo onde celebrou missa para milhares de fiéis e falou da corrupção. Seguiu depois para Madagáscar deixando avisos aos perigos da desfloração e prevenindo que “não somos profissionais do sagrado”.  prosseguindo viagem para as Maurícias.

         - E como estamos fisicamente? Parece-me que há muito tempo não anoto certos pormenores que, naturalmente, só a mim interessam. Consegui, ao fim de algum tempo, manter-me nos 63 kg., ter 12-6,5 de tensão, e apenas os 60 gramas de colesterol estão a mais, embora, neste momento, me pareça já ter regularizado. Mas isso só saberei no próximo mês. A lombalgia desapareceu, a dor na anca que deixa as mulheres de lábio caído também, resta umas picadas agudas, intermitentes, na tíbia que ainda não consegui ultrapassar. Bom. Para restabelecer tudo isto, nado dia sim, dia não. O esforço da natação diária deve estar na origem destas dores constantes e algum trabalho mais duro no campo, claro.

         - “A meu ver, o AT documenta a existência de dois sistemas iaveístas diferentes: um fundamenta-se no mito da fundação e o outro na história da relação de Iavé com Israel.” Quem como eu leu de fio a pavio o Antigo Testamento, não pode deixar de dar razão ao ilustre frei Bento Domingues. Público de hoje.  


         - Já que citei o Público, não quero deixar em branco mais estas linhas do sociólogo António Barreto. “Um governo que responde a sindicatos e confederações, em detrimento das populações, é um governo que, por razões eleitorais ou de interesses, prefere as corporações, em prejuízo dos cidadãos.” Mágico, toma e embrulha.