Domingo,
8.
Gostava de acabar de tricotar no Juiz
Apostolatos antes de partir para Paris. Mais a mais porque não devo levar
pesos excessivos como as trezentas páginas do manuscrito. Mas tudo está contra
mim: disposição, confiança, idas quase diárias a Lisboa, desinteresse total, caetera. Este ano sinistro do ponto de
vista criativo, como não me lembro de outro igual, deixou-me nos limites da
desistência, no terminus de um mundo
onde apenas espreitei sem ousar entrar, a porta fechada com estrondo na figura
da avidez. Vivo numa concha de desespero brando, escondido num pauis de
neblina.
- O Papa esteve em Maputo onde
celebrou missa para milhares de fiéis e falou da corrupção. Seguiu depois para
Madagáscar deixando avisos aos perigos da desfloração e prevenindo que “não
somos profissionais do sagrado”.
prosseguindo viagem para as Maurícias.
- E como estamos fisicamente? Parece-me
que há muito tempo não anoto certos pormenores que, naturalmente, só a mim
interessam. Consegui, ao fim de algum tempo, manter-me nos 63 kg., ter 12-6,5
de tensão, e apenas os 60 gramas de colesterol estão a mais, embora, neste
momento, me pareça já ter regularizado. Mas isso só saberei no próximo mês. A
lombalgia desapareceu, a dor na anca que deixa as mulheres de lábio caído
também, resta umas picadas agudas, intermitentes, na tíbia que ainda não
consegui ultrapassar. Bom. Para restabelecer tudo isto, nado dia sim, dia não.
O esforço da natação diária deve estar na origem destas dores constantes e
algum trabalho mais duro no campo, claro.
- “A meu ver, o AT documenta a
existência de dois sistemas iaveístas diferentes: um fundamenta-se no mito da
fundação e o outro na história da relação de Iavé com Israel.” Quem como eu leu
de fio a pavio o Antigo Testamento, não pode deixar de dar razão ao ilustre
frei Bento Domingues. Público de hoje.
- Já que citei o Público, não quero
deixar em branco mais estas linhas do sociólogo António Barreto. “Um governo
que responde a sindicatos e confederações, em detrimento das populações, é um
governo que, por razões eleitorais ou de interesses, prefere as corporações, em
prejuízo dos cidadãos.” Mágico, toma e embrulha.