terça-feira, julho 16, 2019

Terça, 16
Chou Chou quis comemorar o dia da Bastilha à moda do seu amigo americano com o espectáculo do seu poderio bélico. De facto, para espanto dos papalvos e entusiasmo dos putos que aprendem nas consolas como liquidar o adversário, andou até no ar um soldado suspenso empunhado uma espingarda. Deve ser a última novidade que terminará com os gilets jaunes. Este exercício é típico dos fracos, dos arrogantes, dos imbecis: Putin, Donald Trump, Macron. O facto, não por azar, os bravos coletes amarelos, estiveram em força nos Campos Elísios e semearam mais uma vez a revolta com carros incendiados, polícia ferida, tumultos e prisões e assobiando e maltratando Chou Chou qual “soberano dos Aqueus de brônzea armadura” desfilando por entre os seus soldados. 

         - Magnífica manhã entregue a diversos trabalhos no campo: regas do jardim, árvores de fruto, limpeza manual da piscina... Tudo isto, durante várias horas, com começo às sete e término às onze. Assim o Verão continue ameno, cinzento e quente, correndo nas suas asas a brisa de manhã à noite. Como ontem passei o dia em Lisboa, hoje reforcei esforços para repor à paisagem aquilo que a alimenta.  

         - Outro dia no Publico esta frase de Mark Twain: “Cuidar da saúde é comer o que não queremos, beber do que não gostamos e fazer o que preferiríamos dispensar.” Por palavras mais curtas: hoje o que é bom faz mal.

         - Devia talvez começar um novo romance de Saul Bellow que tenho ali na pilha de livros para ler, Herzog. Mas vou esperar mais um tempo. Tenho antes de me debruçar sobre o escritor fascinante que ele é, sobre a sua natureza, origens, cultura, etc. Bellow é um exemplo para as novas gerações de “escritores” que por aí campeiam e consulto às vezes, leio algumas páginas e logo arrumo o livro por não admitir sequer que o autor acredite no que escreveu, na história sonsa e ronhosa que nos conta. Para se escrever é preciso ter-se vivido, ter passado pela miséria, a pobreza, o abandono, o sofrimento, enfim, construir a armadura que depois vá aligeirando ao longo da sua obra. Tudo o que por aí vejo, é puro charabia.


         - No mundo do Mágico, outro número acabou de cair como pedra no charco da nossa disfarçada vida faustosa: 7 mil trabalhadores têm salário em atraso, quase o dobro do ano 2017. Este clima lembra-me o último período de governação cavaquista. Tudo ruía à nossa volta, mas Cavaco propagandeava: “Portugal é um país de sucesso”.