Quinta,
4.
Quando
por antecipação nos prometem um Verão com altas temperaturas, eu rejubilo. É
certo e sabido que vamos ter um estio agradável, saboroso e quente q.b. no cumprimento
airoso e nobre do seu carácter. Que o digam as flores e os frutos que aqui se
sucedem e alteram completamente a paisagem, os espaços, a luz que cada fruto ou
pétala irradia, as sombras que dão vida às casas e terraços e por extensão ao
convívio que neles acontece.
O terraço com suas sombras |
Black na sua cama de limões |
O primeiro auto-retrato, perdão, selfie tirada com o iphone |
- Já passei largamente metade da
leitura de As Aventuras de Augie March o
rio imenso, sob todos os aspectos, de Saul Bellow. Tem sido mesmo uma estupenda
companhia nestes tempos de penúria criativa e desolação de muita ordem. Sem a
sua presença, a minha vida teria mergulhado ainda mais fundo no fosso das
incertezas e descrenças dos dias. Esta passagem, pág. 384, Quetzal, tradução de
Salvato Telles de Menezes: “... esta coisa de ser lançado no mundo pode ser
muito desejável, ainda que triste. Foi o que Cristo quis dizer quando chamou à
mãe Mulher. Que, afinal, era como qualquer mulher. Que, em qualquer vida a
sério, temos de sair e ser expostos fora do pequeno círculo que abarca duas ou
três cabeças na mesma história de amor. Experimentemos ficar, contudo, do lado
de dentro. Vejamos quanto tempo aguentamos.”
- Não quero comentar a tristeza das
nomeações para as cúpulas da União Europeia. Aquilo foi um espectáculo
deprimente que atesta bem a extravagância que tomou de assalto a Europa. O desastre
é que é ela que nos controla a existência. Até quando? Resta-me a consolação
que os povos – chinês, turco, marroquino, japonês, russo – estão a querer tomar
em mãos os seus destinos. A Europa do euro está velha, sonsa, reivindicativa,
pelintra, inactiva, adiposa, preguiçosa e decadente.