quinta-feira, julho 04, 2019

Quinta, 4.
Quando por antecipação nos prometem um Verão com altas temperaturas, eu rejubilo. É certo e sabido que vamos ter um estio agradável, saboroso e quente q.b. no cumprimento airoso e nobre do seu carácter. Que o digam as flores e os frutos que aqui se sucedem e alteram completamente a paisagem, os espaços, a luz que cada fruto ou pétala irradia, as sombras que dão vida às casas e terraços e por extensão ao convívio que neles acontece.

O terraço com suas sombras 

Black na sua cama de limões 

O primeiro auto-retrato, perdão, selfie tirada com o iphone

         - Já passei largamente metade da leitura de As Aventuras de Augie March o rio imenso, sob todos os aspectos, de Saul Bellow. Tem sido mesmo uma estupenda companhia nestes tempos de penúria criativa e desolação de muita ordem. Sem a sua presença, a minha vida teria mergulhado ainda mais fundo no fosso das incertezas e descrenças dos dias. Esta passagem, pág. 384, Quetzal, tradução de Salvato Telles de Menezes: “... esta coisa de ser lançado no mundo pode ser muito desejável, ainda que triste. Foi o que Cristo quis dizer quando chamou à mãe Mulher. Que, afinal, era como qualquer mulher. Que, em qualquer vida a sério, temos de sair e ser expostos fora do pequeno círculo que abarca duas ou três cabeças na mesma história de amor. Experimentemos ficar, contudo, do lado de dentro. Vejamos quanto tempo aguentamos.”


         - Não quero comentar a tristeza das nomeações para as cúpulas da União Europeia. Aquilo foi um espectáculo deprimente que atesta bem a extravagância que tomou de assalto a Europa. O desastre é que é ela que nos controla a existência. Até quando? Resta-me a consolação que os povos – chinês, turco, marroquino, japonês, russo – estão a querer tomar em mãos os seus destinos. A Europa do euro está velha, sonsa, reivindicativa, pelintra, inactiva, adiposa, preguiçosa e decadente.