segunda-feira, julho 22, 2019

Segunda, 22.

A litania acode às gargantas dos desesperados que se sentem abandonados no meio da fogueira  dos incêndios. Estes surgem quando ninguém espera pela mão assassina que lança o crime e zarpa. Também, ciclicamente, a Annie telefona a saber se por aqui corro as mesmas aflições, porque o que viu na televisão é tenebroso. E eu de coração apertado dou comigo a balbuciar os mesmos impropérios contra os políticos que têm o dever e a obrigação de defender as populações e só lançam cantilenas construídas nas sedes dos partidos com vista ao voto obstinado. Chegado o momento de se saber se aquilo que andaram a vangloriar-se como última e refinada técnica contra incêndios é verdadeira e operacional, surgem as pessoas aflitas, correndo como doidas de baldes e mangueiras a conta-gotas a defender casas e propriedades, completamente abandonadas à sua sorte, comendo com os olhos a morte ou a liquidação de uma vida engolida pela passagem das chamas. Bombeiros e técnicos, autarquias e Governo, limitam-se a lamentar a pouca sorte dos que nasceram na província e foram na gula do lucro plantar eucaliptos desordenadamente. Quem os manda escolher o interior pobre e desorganizado, estreito e coberto de courelas e pequenos espaços onde cultivam o necessário ao seu porvir? Hoje em Castelo Branco, Sertã, Vila de Rei; amanhã no Alentejo, Algarve. As cenas tristes e a pouca falta de coordenação, sem meios nem capacidade, aí estão a dizer-nos que tudo está como antes quartel general em Abrantes. Mais: pelo caminho liquidaram-se milhares de árvores que levaram anos e anos a fazerem-se e eram indispensáveis ao nosso viver. As populações amedrontadas pelas multas que câmaras e Executivo são céleres e eficazes a pôr em pratica, entregaram o seu bem-estar à loucura panfletária dos incompetentes e analfabetos que nos governam. Espero que o povo, na hora de votar tenha em conta a competência dos planos que eles diziam ter preparado e vai-se a ver são os mesmos de 2017, 2018 e dos que estão para vir.