sexta-feira, julho 26, 2019

Sexta, 26.
Depois há aquela fotografia da Rainha de Inglaterra a receber Boris Johnson inclinado, as farripas loiras pendentes, no palácio da soberana de mala de mão preta no braço. Para que quer Madame a mala estando recatadamente em  casa? Simples adorno ou medo que alguém lhe meta a mão ao porta-moedas?

         - Duas notas da agradável viagem de ontem: como podem os bajadocenses (serão assim chamados?) viver com aquelas temperaturas que paralisam o visitante e causam palpitações no coração; como é possível que o litro de gasóleo custe aqui 1,39 e lá eu tenha pagado 1,18 euros? (Postos de abastecimento de supermercado.)

         - Hoje, pela fresca, fui apanhar amoras e ao fim da tarde morangos. Juntei-os numa taça para o jantar e assim trouxe para minha mesa dois frutos que cultivo: um confiando-o aos cuidados da natureza e como protecção contra intrusos; outros tratando-os eu com todo o esmero. 

         - Esta noite sonhei com Rui Romano o meu saudoso amigo. Conheci-o quando trabalhei em televisão com o Manuel Varela e depois o encontrava só ou com a Alice Cruz nos restaurantes de Belém onde ia frequentemente com os Amados jantar. Sempre que nos encontrávamos, ele abraçava-me: “meu querido Helder!” acompanhado daquele sorriso doce, cúmplice e sincero. Depois da morte da mulher, já perto do seu próprio fim, via-o nos Restauradores com um aceno triste de despedida sem, contudo, perder o resto do seu sorriso luminoso. Era um homem bom, um ser humano encantador, um profissional como hoje não há. Retenho o seu rosto inundado de sofrimento, que me deixava de coração devastado, porque não tinha palavras que rompessem a sua discrição e me levassem a ficar por minutos próximo dele. Descasa em paz terno amigo, deseja-te este com lágrimas a turvar-lhe os olhos, curvado ante o exemplo de vida que foi o teu.  


         - Eu tinha lido diversas passagens dos Pensamentos de Blaise Pascal em língua francesa. Todavia, a edição da Relógio d ´Água, oferece-me o cuidado e o saber de Miguel Serras Pereira e foi por isso que não hesitei em avançar na sua leitura na íntegra, com uma magnífica introdução de T.S. Eliot. A este trabalho voltarei.