quinta-feira, julho 11, 2019

Quinta, 11.
Na bolsa dos votos, cada um aspira ganhar o máximo. É a hora de balanços, do deve e haver, sendo que o mercado está na retranca por nenhuma das acções terem garantida.

         - O termómetro aqui bateu nos 41 graus. Apesar disso a casa está fresca porque eu observo a regra de abrir as janelas pelas sete horas quando me levanto para começar a regar e as fechar quando o sol se instala. Infelizmente estou impedido de nadar, agora que a água parece uma sopa acabada de fazer. António não apareceu ontem prometendo não faltar hoje. Como me levanto muito cedo, às dez horas parece que tenho o dia ganho. As horas que interferem até ao fim da tarde, são preenchidas trancado em casa ocupado com O Juiz Apostolatos (2º capítulo), leituras, cozinhar e falatório ao telefone. Hoje com a ajuda da Piedade, a minha Xerazade, fez uma travessa do seu arroz-doce que me deixou estendido no sofá após o almoço.

         - Pois que todo o mundo fala (a favor e contra) o artigo de Fátima Bonifácio no Publico eu, que o li com toda a atenção, direi que ela trouxe a lume o que toda a gente pensa sem ter a coragem que ela teve para o dizer. Não são os africanos ou os ciganos que estão em melhor posição para o saber, é a classe política que se aproveita das ideias hoje em moda de racismo e xenofobia para entrar no mercado do voto popular. Temos como a historiadora diz e bem, um Parlamento de analfabetos, de vozes passivas, de assalariados dos partidos e, nestas condições, ter a coragem da argumentação da articulista, é possuir cultura bastante não só para ser independente, como para afirmar culturalmente a sua independência. Onde discordo é na tese que aponta para “nem uns nem outros (africanos e ciganos) descendem dos Direitos Universais do Homem decretados pela Grande Revolução Francesa de 1789”. Por um lado, percebo à luz da Europa cristã do século XVIII e XIX, séculos que tanto contribuíram para o esclarecimento dos grandes Livros Sagrados e, por conseguinte, do sentido fraterno dos Evangelhos, a questão da raça seja de somenos importância. Nesses dois séculos, é preciso não esquecer, era ainda “natural” a escravatura. Quanto ao mais, acho que Fátima Bonifácio tem todo o direito de se exprimir não só enquanto historiadora como ainda pessoa activa e intelectual que observa a sociedade. Pena é que ela não tivesse enunciado também a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Quanto a essa coisa chamada “igualdade ou paridade de género”, já aqui diversas vezes me manifestei contra. O país precisa de cérebros livres e independentes, competentes e cultos, honestos e votados ao bem comum e não de sombras abanando com a cabeça ao toque da campainha.


         - Um estudo conhecido hoje, diz que somos menos, estamos mais velhos e mais pobres. Não é verdade. O Mágico e o adjunto das Finanças comprovam-no.