Sexta, 14.
Ontem
sem ter nadado, deitei-me nu na chaise
longue ao sol do fim de tarde varrida por um vento impiedoso. Não sei se
foi por isso, tendo dormido de uma penada como é habitual, acordei esta manhã com
dores lombares. Já não tinha sono, mas apetecia-me ficar no remanso mais um
tempo; devido ao incómodo saltei da cama para enfrentar as regas matinais. Antes
tomei meio Ben-u-ron. A lombalgia não deve ter gostado do calor e a metade do
medicamento soube-lhe a pouco, razão pela qual a dor persistiu até à meia tarde.
- Jerónimo de Sousa tem razão ao
insurgir-se contra a compra do Siresp por sete milhões de euros. O Estado é sovina
com os trabalhadores e reformados e mãos largas para com os desonestos. Evidentemente,
não é seguro que ele, Estado, vá gerir melhor o sistema, mas penso que as
mortes como as que ocorreram há dois anos nos incêndios no Norte provocadas
pelo sistema a funcionar “no osso”, a desordem e o caos, poderão mais
facilmente ter responsáveis.
- Álvaro Amaro arguido no caso Rota
Final e noutro de subsídio na obtenção de financiamento comunitário, se fosse
honesto, devia suspender o mandato ao Parlamento Europeu. O camarada que pouco
ou nada faz lá, interessando-se apenas pelos negócios de advocacia de onde
retira milhares, de seu nome Paulo Rangel, diz que são “esferas separadas”.
Quer dizer se em Bruxelas Portugal estiver representado por um corrupto, não
tem importância. E tem razão. Se tivermos em conta que aquele plenário é uma
jaula onde há poucos cordeiros.
- Quarto mês sem a companhia da
escrita! É doloroso, infeliz, frustrante. Parece que me amputaram qualquer
coisa de profundo em mim, deixando-me na ponta de um abismo, eu que sofro de abissofobia.
Que vazio opressivo, santo Deus!