quinta-feira, junho 20, 2019

Quinta, 20.
O mistério parece desvendado: o avião que se despenhou em Julho de 2014 perto da Crimeia, e matou 298 passageiros, teve mão criminosa. Trata-se de três russos e um ucraniano acusados de terem atacado o voo MH17 da Malaysian Airlines provocando a morte de todos os ocupantes. O míssil era russo e Putin deve ter uma palavra sobre o assunto também, pelo menos é o que se vai saber em Março de 2020 no tribunal da Holanda.

         - Trago aí o Brejnev. De vez em quando, ele faz uma pausa e como fala cada vez pior o português, pelo que compreendi, anda irritado com as colónias de mafiosos que controlam a Rússia e a Crimeia de onde é natural. Ele é a favor de Putin que acha estar a fazer da Rússia de novo a grande nação. Enfim, tudo isto mais ou menos, porque ao certo ao certo, o nosso diálogo é entre dois surdos-mudos.

         - Ontem fui ao C.I. pagar a minha conta-corrente e comprar o jantar. Esbarrei no casal Corregedor da Fonseca e acabámos no restaurante dos píncaros a trincar porcarias boas. A dada altura, falando-se do Papa Francisco, João sai-se com esta: “Tu nunca me converterás ao catolicismo.” Não percebi o alcance, mas retorqui: “Nem é essa a minha missão. Se tiveres de lá chegar será porque Deus te chamará.” O curioso é que João deve ter posto na ideia que um homem de esquerda, comunista, anarquista é incompatível com a doutrina de Jesus Cristo, quando nos preceitos marxistas, como sabemos, abunda matéria mais do que suficiente dos Evangelhos. Mais: ele bem pode prosseguir como bem entender, tendo-nos Deus criado livres, mas não escapa ao batismo da filha mais velha por sua escolha já adulta e à Marília que desde os tempos das reuniões do Rato que está próxima da Igreja. João vive isolado num cidadela de santos...


         - O solstício de Verão que deverá acontecer amanhã, ameaça desistir. Com efeito, o céu cobre-nos de uma toalha cinzenta, de onde descem alguns pingos de chuva, fechando o horizonte de uma tristeza metafísica lançada sobre as nossas cabeças reguladas e formatadas para a monótona cadência dos astros. Definitivamente, não somos conhecedores de coisa nenhuma, nem dominamos o infinitésimo grão do nosso orgulho.