Quinta, 20.
O
mistério parece desvendado: o avião que se despenhou em Julho de 2014 perto da
Crimeia, e matou 298 passageiros, teve mão criminosa. Trata-se de três russos e
um ucraniano acusados de terem atacado o voo MH17 da Malaysian Airlines
provocando a morte de todos os ocupantes. O míssil era russo e Putin deve ter
uma palavra sobre o assunto também, pelo menos é o que se vai saber em Março de
2020 no tribunal da Holanda.
- Trago aí o Brejnev. De vez em
quando, ele faz uma pausa e como fala cada vez pior o português, pelo que
compreendi, anda irritado com as colónias de mafiosos que controlam a Rússia e
a Crimeia de onde é natural. Ele é a favor de Putin que acha estar a fazer da
Rússia de novo a grande nação. Enfim, tudo isto mais ou menos, porque ao certo
ao certo, o nosso diálogo é entre dois surdos-mudos.
- Ontem fui ao C.I. pagar a minha
conta-corrente e comprar o jantar. Esbarrei no casal Corregedor da Fonseca e
acabámos no restaurante dos píncaros a trincar porcarias boas. A dada altura,
falando-se do Papa Francisco, João sai-se com esta: “Tu nunca me converterás ao
catolicismo.” Não percebi o alcance, mas retorqui: “Nem é essa a minha missão.
Se tiveres de lá chegar será porque Deus te chamará.” O curioso é que João deve
ter posto na ideia que um homem de esquerda, comunista, anarquista é
incompatível com a doutrina de Jesus Cristo, quando nos preceitos marxistas,
como sabemos, abunda matéria mais do que suficiente dos Evangelhos. Mais: ele
bem pode prosseguir como bem entender, tendo-nos Deus criado livres, mas não
escapa ao batismo da filha mais velha por sua escolha já adulta e à Marília que
desde os tempos das reuniões do Rato que está próxima da Igreja. João vive
isolado num cidadela de santos...
- O solstício de Verão que deverá
acontecer amanhã, ameaça desistir. Com efeito, o céu cobre-nos de uma toalha
cinzenta, de onde descem alguns pingos de chuva, fechando o horizonte de uma
tristeza metafísica lançada sobre as nossas cabeças reguladas e formatadas para
a monótona cadência dos astros. Definitivamente, não somos conhecedores de coisa
nenhuma, nem dominamos o infinitésimo grão do nosso orgulho.