sábado, junho 22, 2019

Sábado, 22.
Ao ponto a que o país chegou, é natural que todo o mundo roube, viva de expedientes e corrupção. O exemplo vem de cima, mas corrido a milhões. Cá por baixo, a coisa é mais delicada, mais “porreirinha”, mais familiazinha, a patacos. Por isso, os agentes das esquadras de Setúbal, Almada e Seixal, num total de 200, vendiam os passes dos transportes para eles gratuitos, a troco de uns míseros euros. Esta miséria que tem tanto de moral como de pessoal, é a fotografia em tamanho real do país.

         - Os grandes momentos são, de facto, a dois. Frente a frente o coração solta-se, os temores desaparecem, a timidez reduz-se e os sentimentos entregam-se. Foi o caso ontem com o Brito, 93 anos, uma vida de romance. Durante umas três horas, na Brasileira, apesar de a conversa parecer confidencial devido à sua surdez, pessoas e acontecimentos foram desfilando ao sabor da memória que ele mantém impecável. Tendo sido jornalista no Diário de Lisboa, agente policial em Macau, uma agenda de conhecimentos que é um dicionário, Brito é uma personalidade cativante com quem dá gosto conversar. Memória viva de um tempo em gestação, com os perigos e as ansiedades que o caracterizaram, Brito não ousa deitar no caixote do lixo da história o salazarismo. Espírito aberto e livre, pensando pela sua cabeça, culto até dizer chega, aprende-se sempre com ele embalado pelo humor e a clarividência. Assim a minha cabeça retenha tanto do muito que falámos.  


         - As grandes potências não cessam de se testar. Foi o caso do Irão e dos Estados Unidos. O primeiro abateu um drone dos segundos nas sua zona territorial. Vai daí, Trump deu ordem de ataque. À última hora, aquele cérebro habituado a contar tijolos, pergunta ao oficial encarregado da operação: “Quantas pessoas morrerão na operação? Umas 150, Presidente.” Imediata suspensão da ofensiva. É um filme à moda americana onde os maus acabam sempre vencidos. Neste caso o mau da fita é o da casa.